A Rússia decretou, nesta quarta-feira, 20, um feriado de sete dias para conter o avanço de uma quarta onda de covid-19, num momento em que os países do Leste Europeu registram as mais baixas taxas de imunização do bloco europeu devido à relutância generalizada de sua população em se vacinar.
Segundo o presidente Vladimir Putin, o período de 30 de outubro a 7 de novembro será de “dias não úteis”, mas remunerados, e as regiões do país têm autonomia para estender o fechamento dos espaços de trabalho por mais tempo em resposta às condições locais.
As novas medidas foram anunciadas um dia após o Kremlin relatar uma média móvel de 971 mortes relacionadas ao coronavírus, o maior número em um único dia desde o início da pandemia, bem como 30.914 novos casos do vírus na média das últimas 24 horas, segundo dados do Our World in Data, ligado à Universidade Oxford.
Na terça-feira, 19, o prefeito da capital, Moscou, já havia anunciado uma quarentena de quatro meses para maiores de 60 anos não vacinados. Seu gabinete também tenta forçar os shopping centers a conectar suas câmeras de segurança a um sistema de reconhecimento facial central que permitiria às autoridades impor o uso de máscaras em público, relatou o jornal Kommersant.
A Rússia foi um dos primeiros países a desenvolver uma vacina contra Covid-19, a Sputnik V, aprovada em maio, mas não conseguiu convencer grande parte de sua população a tomá-la, com apenas 34,4% dos russos tendo recebido ao menos uma dose e 31,3% o ciclo vacinal completo, segundo informações do Our World in Data. O país enfrenta a maior taxa de mortalidade diária da pandemia no mundo.
Ex-bloco comunista
A hostilidade pública à vacinação também atingiu outras ex-repúblicas soviéticas do Leste Europeu, como a Letônia, que anunciou nesta quarta-feira nova quarentena de 30 dias, e a Romênia, onde o estoque de caixões foi zerado nesta semana, depois que o país atingiu a maior taxa per capita de mortes por covid, com uma pessoa morrendo a cada cinco minutos.
Além da Romênia, os Estados da União Europeia com as taxas de vacinação mais baixas também fazem parte do antigo bloco comunista oriental, incluindo Bulgária, Croácia, Polônia, Letônia e Estônia. Apenas 34% dos adultos romenos receberam ao menos uma dose e 30% estão com o ciclo vacinal completo, em comparação com, respectivamente, 68% e 64% em toda a UE.
Para Andi Nodit, gerente do hospital de emergência clínica Bagdasar-Arseni em Bucareste (Romênia), “o tamanho e a gravidade da situação na sala de emergência e no hospital estão além de qualquer palavra que eu possa expressar”. A quarta onda que atingiu o país parece um iceberg em comparação com as anteriores, que eram bonecos de neve, disse.
A Bulgária, onde apenas um quinto da população tomou a primeira dose da vacina, proibiu o acesso a espaços públicos fechados esta semana para qualquer pessoa sem comprovante de vacinação, teste negativo ou de recuperação recente de uma infecção por coronavírus. As escolas em áreas com altas taxas de infecção terão de mudar para o ensino remoto.
“O número de novas infecções e mortes está aumentando. Isso nos obriga a impor medidas adicionais. Todas as atividades em espaços fechados devem ser realizadas mediante a apresentação de um certificado digital”, disse o ministro interino da Saúde, Stoicho Katsarov, a repórteres.
O ministro da Saúde da Polônia afirmou nesta quarta que “medidas drásticas” podem ser necessárias para responder a um repentino aumento de infecções no país, embora ele tenha dito que nenhuma nova quarentena está sendo considerada. “Nos últimos dois dias, vimos uma explosão da pandemia”, disse Adam Niedzielski em entrevista coletiva. “Os casos estão aumentando semanalmente de 85% a mais de 100%.” A taxa de vacinação contra covid-19 da Polônia está em torno de 53%, tanto para uma quanto para duas doses. (Com agências internacionais).
Agência Estado