Incidência de dengue em SP é oito vezes maior do considerado para ser epidêmico

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A incidência de dengue na cidade de São Paulo chega a 2.471,8 por 100 mil habitantes, valor que ultrapassa em oito vezes o número usado como referência pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para classificar uma epidemia (300 casos por 100 mil habitantes). O dado foi divulgado pela prefeitura nesta segunda-feira (13) e se refere aos dias 28 de abril a 4 de maio.

A incidência só fica abaixo de mil casos por 100 mil habitantes em 18 distritos de São Paulo. Desses, seis estão no centro (Consolação, Bela Vista, Liberdade, República e Sé), seis no sudeste da cidade (Cursino, Mooca, Tatuapé, Moema, Saúde e Vila Mariana), quatro na zona sul (Marsilac, Campo Belo, Campo Grande e Pedreira) e dois na zona oeste (Itaim Bibi e Jardim Paulista).

A Secretaria de Saúde paulista faz uma divisão dos distritos com base nas suas supervisões técnicas de Saúde e, por isso a região sudeste engloba distritos do sul e do leste paulistano.

Na capital, todos os bairros estão em epidemia de dengue. São 296.763 casos confirmados e 137 mortes pela doença. Entre a semana epidemiológica anterior -dos dias 21 a 27 de abril- e esta, foram registrados 29,6 mil novos casos.

O número pode indicar, ainda, uma leve desaceleração de casos, uma vez que, entre as duas semanas anteriores foram registrados 47 mil novos casos. De acordo com o infectologista Alexandre Naime Barbosa, no entanto, não é possível diagnosticar um platô (estabilidade de casos antes da queda) em tempo real ou estimar sua previsão de ocorrência.

Os distritos com menores incidências de dengue permanecem Moema (451,1), Jardim Paulista (443,1), Saúde (522,4), República (524,1) e Vila Mariana (551,6).

Do outro lado, entre as maiores incidências estão Jaguara (11.667,2), São Miguel (9.199,9), Itaquera (5.474,1), São Domingos (5.311,2) e Guaianases (5.358,9).

O maior avanço da dengue na capital entre as duas semanas epidemiológicas consideradas foi no distrito de São Miguel, cuja incidência cresceu em mais de mil casos por 100 mil habitantes. Na semana anterior, distrito tinha a incidência de 8.170,8.

Não há um fator determinante para as diferenças de ocorrência de dengue entre os distritos da capital. Fatores como clima, característica demográfica e densidade populacional podem explicar, de acordo com a Covisa (Coordenaria de Vigilância em Saúde).

Os casos da cidade de São Paulo já ultrapassam o número de casos em todo o ano de 2015, recorde até então da doença. Na época, a capital encerrou o ano com 103.186 casos.

Para especialistas, a explosão de casos no Brasil tem relação com crescimento desordenado das cidades e a precariedade de serviços e de infraestrutura básica, como saneamento e limpeza urbana. O Brasil registrava 4,6 milhões de casos prováveis de dengue até a sexta-feira (10) e 2.451 mortes por dengue.

As condições climáticas podem ter feito com que regiões que não costumavam ter tantos casos registrassem uma alta de casos de dengue este ano, como o sul do Brasil e a Argentina.

Em abril, o chefe da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), o médico brasileiro Jarbas Barbosa, afirmou que os casos de dengue criaram uma “situação de emergência” nas América. Na época, a Opas, uma agência das Nações Unidas, confirmou mais de 5,2 milhões de casos de dengue em toda a América no ano, um aumento de mais de 48% em relação aos 3,5 milhões de casos relatados pelo grupo no final do mês anterior, março.

Um estudo divulgado na última quinta-feira (9) na revista Science aponta que o aquecimento do oceano Índico pode estar relacionado ao aparecimento de novas epidemias de dengue. A alta temperatura das águas impacta diferentes regiões do mundo, proporcionando o clima ideal para o espraiamento da infecção.

LUANA LISBOA / Folhapress

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