RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Assim que soube do filme “Homem com H”, cinebiografia de Ney Matogrosso, Bruno Montaleone desejou de participar dele. Logo depois, entrou no radar dos produtores de elenco, fez um teste e acabou ficando com um dos personagens centrais da vida do cantor. É ele quem interpreta Marco de Maria, companheiro de Ney Matogrosso durante 13 anos, que morreu em decorrência da Aids.
“Marco era uma pessoa que amava o mar, era médico, um estudante dedicado, uma pessoa serena”, descreve Montaleone. “Começo a história ainda bem jovem e, depois, existiam desafios na passagem de tempo, já que ele foi ficando debilitado por causa do vírus HIV. Seu humor e maneira de viver vida mudaram, mas a conexão que os dois tinham, não. Foi desafiador”, reconhece o ator, que vive agora a expectativa do lançamento do filme, ainda sem data programada.
Nas gravações, Montaleone foi o responsável por um momento marcante: o choro do próprio Ney nos estúdios. “Durante toda a preparação e filmagem, eu não tinha encontrado com o Ney -até que um dia ele ficou conosco na gravação e veio a cena. Éramos eu, Esmir [Filho, o diretor], Ney e Jesuíta Barbosa [que interpreta Ney no longa]” relembra.
O relato continua: “Ele foi nos direcionando até que se levantou e pediu um momento. Fiquei com medo de ter ido longe demais ou algo assim”. Porém, a pausa foi apenas para lhe dar um beijo e brincar dizendo que atualmente é mais tranquilo que na época que a trama foca. “Isso foi como se tivesse tido a bênção dele para poder interpretar o Marco. Nunca vou esquecer desse momento e sensação em toda a minha vida”, diz.
Montaleone também contou como foi gravar um filme que se passa nos anos de 1970. “Foi o máximo. Escutamos muito falar sobre a época, principalmente eu que moro aqui no Rio. Ouvia histórias dos meus pais sobre moda, acontecimentos… O cinema é uma ótima ferramenta para perceber o quanto evoluímos em determinados assuntos -e em outros não”, aponta.
Além do filme, o ator esteve recentemente em “Amor Perfeito” (2023) e tem emendado trabalhos em plataformas de streaming. Mesmo assim, ele diz que não se deixa deslumbrar pela boa fase.
“Tenho a energia e humildade de quem está começado, há muito o que estudar e conquistar”, afirma. “Sonhos de criança, aqueles que parecem impossíveis mesmo, que tenho que ao menos tentar. Ainda há personagens e facetas diferentes para me experimentar, gêneros que quero explorar como ator, colegas com quem anseio trabalhar.”
ANA CORA LIMA / Folhapress