BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criou uma comissão externa para investigar a crise humanitária dos indígenas Yanomami, em Roraima, composta apenas por deputados bolsonaristas, a começar por sua coordenadora, Coronel Fernanda (PL-MT).
Dentre seus membros também estão o deutado Nicoletti (União Brasil-RR), defensor do garimpo em Terra Indígena, e Silvia Waiapi (PL-AP), indígena e que foi secretária de saúde indígena do governo de Jair Bolsonaro (PL).
A principal causa da crise humanitária do povo Yanomami é o garimpo ilegal dentro do território, que explodiu justamente durante a gestão bolsonarista.
A atividade causa a destruição da floresta e dos rios, o que prejudica a fauna e a flora da região e, portanto, a alimentação e a maneira de viver dos indígenas.
A extração ilegal também utiliza mercúrio, metal pesado que polui os rios, é ingerido pelos peixes, que depois servem de comida para os moradores das comunidades, e causa de doenças graves, inclusive cerebrais.
A presença de homens brancos ilegalmente dentro do território também espalha a malária, que causa centenas de mortes indígenas todos os anos.
Todos esses fatores criaram uma situação de grave crise humanitária entre os yanomami, que sofrem sobretudo com a desnutrição e a malária.
Seis dos 15 deputados da comissão criada por Lira são do PL, partido de Bolsonaro, e quatro usam os termos coronel ou capitão em seus nomes.
Procurada pela reportagem, Silvia Waiapi afirmou que o objetivo da comissão é “trazer à tona a realidade do povo indígena”.
JOÃO GABRIEL / Folhapress