Decisão sobre juros era muito difícil e cogitei votar por corte de 0,25 ponto, diz Galípolo

NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O diretor do Banco Central Gabriel Galípolo afirmou que a discussão em torno da magnitude do corte mais recente da taxa básica de juros do Brasil era muito complexa e que ele próprio cogitou votar por uma redução de 0,25 ponto percentual.

“Hoje, estaria confortável em apresentar argumentos em favor de votar [por um corte de] 0,25”, disse durante evento do jornal Valor Econômico em Nova York (EUA). “Mas tinha esse custo de não entrega do guidance [a comunicação que vinha sendo feita pelo BC]”, completou.

Galípolo ressaltou que sua decisão final de votar por uma redução de 0,50 ponto percentual foi coerente com os posicionamentos que ele vinha fazendo antes da reunião. Ele diz que, por ainda estar no início de seu mandato, busca manter a coerência para construir sua credibilidade, algo já consolidado por integrantes mais velhos do Copom, que, por isso, têm maior liberdade de ação.

“É normal que diretores que chegaram recentemente, como eu, sejam mais demandados para esclarecer o que pensam. Quem vem acompanhando minhas falas desde que entrei dificilmente vai argumentar que se surpreendeu com meu voto. Eu vinha dizendo várias vezes parcimônia e serenidade, barra para largar o guidance é alta”, afirmou.

Na última reunião, Galípolo e os os demais diretores indicados pelo presidente Lula (PT) votaram por um corte de 0,50 ponto percentual da Selic, divergindo da escolha dos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por um corte de 0,25 ponto, que acabou prevalecendo.

Galípolo, que é cotado para suceder o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, criticou reações que se baseiam em dados de alta volatilidade –notadamente, os dados de inflação e mercado de trabalho nos EUA. Os indicadores, que norteiam a decisão de juros pelo Fed, o banco central americano, têm oscilado e criado incertezas em torno da trajetória de corte de juros americanos.

O diretor também afirmou que não vê problema na divergência no Copom, e que o consenso não deve ser usado como uma forma de escudo contra críticas. Galípolo disse que não houve nenhuma tentativa de convencimento por um caminho ou outro pelos diretores do BC, e que se Campos Neto tivesse feito uma campanha pelo consenso, estaria sendo igualmente criticado.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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