SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Aos 32 anos, Miguel Rômulo já pode ser considerado um veterano. Ex-ator mirim com uma carreira que começou há mais de duas décadas –seu primeiro papel foi em “Coração de Estudante”, de 2002–, ele poderá ser visto a partir desta quinta-feira (16) em “Renascer”, novela das 21h da Globo.
Na pele de Décio, ele será um amigo de infância de Buba (Gabriela Medeiros). Os dois vão se esbarrar quando ela volta à cidade onde nasceu para tentar uma reconciliação com os pais, Meire (Malu Galli) e Humberto (Guilherme Fontes). O rapaz será o recepcionista do hotel aonde ela vai se hospedar.
Só que Décio não sabe que Buba passou por uma transição de gênero. Até onde ele tinha conhecimento, Beto, a quem conheceu quando criança e de quem sempre sentiu falta, morreu. “Quando ele enxerga a Buba, quem ela realmente é, ele acaba tendo uma emoção muito forte, muito avassaladora mesmo”, antecipa o ator. “Esse é um reencontro muito especial.”
Para Miguel, o personagem existe para mostrar a Buba que a cidade onde nasceu –as cenas foram gravadas em Chiador (MG)– também pode ser um lugar de amor e acolhimento. “Desde o início existia, sim, uma pessoa que sempre se importou com ela, que sempre amou, que sempre quis cuidar, que sempre esteve ali para defendê-la desde a infância e que sente uma saudade tremenda porque acha que ela morreu”, avalia.
“Ele carrega essa dor, essa saudade do amigo, até que ele descobre que, na verdade, o Beto é a Buba e ele pode ter a oportunidade de retomar uma relação que ficou apagada, que ficou guardada”, comenta.
O amigo será um apoio importante num período conturbado, no qual Buba estará muito vulnerável. “Ele é bem necessário nesse momento para ser um pouco da balança da dor e da decepção que ela vai ter com os pais”, afirma. “Ela vai precisar trabalhar isso com a leveza e com e com carinho que ela vai receber desse amigo de infância dela.”
“E acho que o personagem mostra também que mesmo ele sendo do interior, igual aos pais, ele nunca teve nenhum preconceito em relação a ela, apenas saudade, apenas amor”, compara. “Ele está ali para também trazer para o público um alívio de que ela sempre recebeu um carinho dele, independente de todo o preconceito, de todas as dores que ela carregou com aquela cidade.”
Décio não existia na versão original da novela, exibida em 1993. “Ele está nesse remake para aprofundar um pouco mais o passado da Buba num assunto bem delicado e necessário para o nosso país, que é a transfobia”, explica. “A gente ainda é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo”, lembra.
O personagem deve aparecer por apenas alguns capítulos, mas o intérprete torce para que a participação seja bem recebida e acabe sendo estendida. “A volta dele na novela, em determinadas cenas ou para contar um pouco mais a história dos personagens, depende muito do público e da forma positiva que acho que o público vai encarar esse reencontro”, conta. “Eu torço muito, claro, para a volta do personagem.”
Miguel diz ter ficado feliz de ter sido lembrado para o papel e de estar de volta à Globo, onde fez diversos trabalhos desde pequeno. “É uma emissora onde cresci, onde pude evoluir como ator, aprender”, afirma. “É como um reencontro, não só comigo, mas com muitos profissionais que também estão em ‘Renascer’.”
Antes da participação, a última novela dele na emissora havia sido em “Verão 90” (2019), na qual interpretou a drag queen Sabrina. “O meu personagem sofreu bastante com a homofobia também”, recorda.
No próximo ano, o ator também poderá ser visto em “Dona Beja”, novela original do serviço de streaming Max. “Meu personagem é um padre, completamente o oposto da Sabrina, o oposto do Décio, extremamente conservador, misógino, homofóbico”, detalha.
Redação / Folhapress