‘A gente espera sair dessa crise ainda melhor do que entrou’, diz presidente da rede gaúcha Panvel

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A rede gaúcha de farmácias Panvel, que tem no Rio Grande do Sul 408 das suas 606 lojas, conta com os recursos anunciados nesta quarta-feira (15) pelo governo federal para manter suas vendas em alta nos próximos meses, incluindo o Bolsa Família.

“Vai haver uma entrada de recursos significativa no Rio Grande do Sul, coisa que não aconteceu durante a pandemia. O Bolsa Família tem uma penetração baixa no estado. Isso mudou, infelizmente”, disse o presidente da Panvel, Julio Mottin Neto, em teleconferência com analistas e investidores nesta quinta-feira (16), quando comentou os resultados da rede no primeiro trimestre.

Na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou medidas de socorro à população do estado, entre elas, um auxílio de R$ 5.100 para compra de móveis e eletrodomésticos, saque de até R$ 6.200 do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e inclusão de 21 mil famílias no programa de transferência de renda Bolsa Família.

“Estamos inseridos em um mercado de primeira necessidade. As vendas das lojas continuam saudáveis”, disse Mottin. Segundo ele, no mês de abril, antes das chuvas intensas, as vendas cresceram mais de 18% na comparação anual. De 1º a 14 de maio, em meio à catástrofe, as vendas da rede subiram 10%.

No primeiro trimestre de 2024, a receita bruta total do grupo avançou 19,6% para R$ 1,32 bilhão, na comparação anual. A receita líquida somou R$ 1,22 bilhão, com alta de 19,3%. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 60,3 milhões, alta de 20,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro líquido saltou 84,2% para R$ 33,5 milhões.

Segundo Antônio Carlos Tocchetto Napp, diretor financeiro e de relações com investidores da Panvel, os objetivos da rede para 2024 não mudaram. “Começamos o primeiro trimestre acelerados, eventualmente podemos ter alguma pressão no segundo trimestre, mas nada muito grande.”

Além da quinta maior rede de farmácias do país, o grupo é dono da distribuidora de medicamentos Dimed e do laboratório farmacêutico Lifar.

AS MAIORES REDES DE FARMÁCIAS DO PAÍS

Segundo ranking da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias)

Raia Drogasil – (Droga Raia e Drogasil)

DPSP – (Drogaria São Paulo e Drogaria Pacheco)

Pague Menos

Farmácias São João

Panvel

Drogaria Araújo

Nissei

Drogaria Venancio

Farmácia Indiana

Drogal

“Reforçamos a visão otimista da companhia para os próximos meses”, disse Mottin. “O Rio Grande do Sul tem a expectativa de receber muitos recursos e o estado precisa disso. A gente tem confiança que esses recursos vão ajudar a movimentar a economia e o estado a se recuperar rápido.”

Segundo o executivo, no atual cenário de catástrofe, o consumo de medicamentos “deve acelerar”, assim como o de vacinas, “infelizmente.”

De acordo com os últimos dados da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, divulgados na manhã desta quinta, as fortes chuvas que levaram ao desmoronamento de encostas e às cheias dos rios –em especial do Guaíba, que acabou inundando a região metropolitana de Porto Alegre– provocaram a morte de 151 pessoas. Outras 806 ficaram feridas e 104 estão desaparecidas. São quase 2,3 milhões de pessoas afetadas no estado, envolvendo 458 municípios.

Uma das localidades mais afetadas é Eldorado do Sul, na região metropolitana, sede da Panvel. A maior parte do município ficou debaixo d’água. No local, está um dos centros de distribuição (CD) da rede farmacêutica, que precisou redirecionar sua logística para o CD de São José dos Pinhais (PR), na região metropolitana de Curitiba.

“A operação da Panvel está preservada. Nosso CD de Eldorado do Sul não foi afetado. Pretendemos nos próximos 15 dias movimentar o estoque no local, onde as águas já estão baixando”, disse Tocchetto Napp.

“A nossa dificuldade operacional, de acesso ao CD de Eldorado do Sul, vem sendo minimizada pela maior produtividade do CD de Curitiba, assim como o apoio de diversos atacadistas que operam na região Sul e quem vêm abastecendo nossas lojas”, afirmou Mottin.

Das 408 unidades da Panvel no Rio Grande do Sul, 18 estão fechadas por conta das fortes chuvas. A empresa opera ainda nos estados de Santa Catarina (86 lojas), Paraná (102) e São Paulo (10). Dos 7.000 funcionários gaúchos, cerca de 1.000 foram afetados pelas cheias, a quem a Panvel afirma ter direcionado os primeiros esforços.

“Distribuímos cestas básicas, vale colchão e kits de higiene para todos os colaboradores atingidos. Cada loja também pode doar até R$ 1.000 em kits de higiene à comunidade, aproveitando a nossa alta capilaridade no Rio Grande do Sul”, disse Mottin. A rede doou ainda 5.000 caixas de medicamentos preventivos contra leptospirose e 200 mil fraldas, além de antecipar o 13º salário para todos os funcionários do estado.

“Não poderíamos fazer nada diferente do que ligar o modo ‘give back’ e ajudar, tanto os nossos funcionários, quanto os nossos clientes. Isso vai fortalecer a cultura da organização e, sem dúvida, vamos sair com a marca ainda mais fortalecida de toda essa tragédia”, afirmou.

A primeira ação foi anunciada pela rede em 3 de maio, um dia depois de o governador Eduardo Leite (PSDB) já considerar, publicamente, o desastre climático em curso como o pior da história do estado. Nas redes sociais, a Panvel informou que iria dobrar o que fosse doado ao “Troco Amigo” para a conta SOS RS do Governo do Rio Grande do Sul. No Troco Amigo, o cliente informa ao final da compra quanto deseja doar para uma das instituições filiadas ao programa.

A iniciativa gerou diversas críticas nas redes sociais. Os consumidores consideraram que a ação foi incipiente para uma empresa do porte da Panvel. “O povo gaúcho não merece migalhas de empresas milionárias”, disse uma usuária no Instagram. “Há diversas outras marcas que se posicionaram e fizeram melhor, da forma que o RS merece!”.

Nesta quarta (15), Mottin afirmou que a Panvel doou R$ 1 milhão pelo Troco Amigo –R$ 500 mil em dinheiro, repassado pelos clientes, e outros R$ 500 mil como doação da rede em produtos.

“Em todas as oportunidades que eu tenho, eu faço questão de conclamar as pessoas a ajudar o Rio Grande do Sul, somos todos brasileiros”, disse Mottin. Como forma de solidariedade, afirmou, agora só toma vinho gaúcho em casa, em Porto Alegre, de onde falou durante a teleconferência.

O diretor financeiro concordou. “Na adega agora, só vinho gaúcho. É uma atitude muito nobre, de respeito”, afirmou Tocchetto Napp. ” As pessoas aqui se mobilizaram de maneira impressionante e vão sair dessa.”

DANIELE MADUREIRA / Folhapress

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