Brasil supera candidatura europeia e vai receber Copa do Mundo feminina de 2027

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pela terceira vez na história, o Brasil será a sede de uma Copa do Mundo. Nesta sexta-feira (17), durante o congresso da Fifa (Federação Internacional de Futebol), em Bancoc, na Tailândia, a candidatura brasileira superou a proposta conjunta apresentada por Bélgica, Alemanha e Holanda e foi escolhida para receber a edição feminina do torneio em 2027.

Ao todo, 207 associações filiadas à Fifa estavam aptas a participarem da votação. O Brasil recebeu 119 votos, contra 78 dos europeus. A eleição foi o 11º item da pauta do evento, que começou às 23h (de Brasília) de quinta-feira (16). O resultado foi anunciado às 2h51 (no horário de Brasília, 12h51 hora local).

Será a primeira vez que o Mundial das mulheres será realizado na América do Sul. Pesou a favor do Brasil o legado deixado pela Copa do Mundo de 2014, sobretudo os estádios construídos para a ocasião.

“Parabéns ao Brasil. Vamos agora organizar a melhor Copa do Mundo da história no Brasil”, afirmou o presidente da Fifa, Gianni Infantino.

Em relatório publicado pela entidade máxima do futebol há pouco mais de uma semana, no qual a entidade avaliava os principais aspectos levados em consideração na escolha da sede, como estádios, acomodação e centro de mídia, o país alcançou nota 4, em uma escala de 0 a 5, enquanto a candidatura conjunta europeia recebeu 3,7.

Os dez estádios indicados pela candidatura brasileira, que foram erguidos ou reformados para receber jogos da Copa de 2014, tiveram nota 3,7. Os 13 estádios dos países europeus receberam avaliação de 3,4.

O Brasil entrou na disputa contando com as cidades, e os respectivos estádios, de Belo Horizonte (Mineirão), Brasília (Mané Garrincha), Cuiabá (Arena Pantanal), Fortaleza (Castelão), Manaus (Arena Amazônia), Porto Alegre (Beira-Rio), Recife (Arena Pernambuco), Salvador (Fonte Nova), São Paulo (Neo Química Arena) e Rio de Janeiro (Maracanã) –o estádio carioca foi indicado para receber a abertura, no dia 24 de junho, e a final, no dia 25 de julho.

O Beira-Rio, do Internacional, está entre os afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Até o momento, não foi discutida a possibilidade de uma substituição.

Em seu discurso após a escolha do Brasil, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, mencionou a tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul e prometeu que o estado receberá um centro de desenvolvimento de futebol para as mulheres.

“A tragédia e a catástrofe por condições climáticas no Rio Grande do Sul, onde muitas vidas se foram e muitas famílias estão desabrigadas. Essa conquista aqui hoje, de o Brasil sediar pela primeira vez uma Copa do Mundo feminina, nós queremos que o trabalho que vai ser desenvolvido possa também ser de fortalecimento para o futebol feminino brasileiro, sul-americano e, principalmente do Rio Grande do Sul, onde deverá ter um grande centro de desenvolvimento do futebol feminino”, disse o dirigente.

Para Valesca Araújo, responsável pelo planejamento de infraestrutura e operações do evento, a utilização dos principais estádios do país impulsiona o desenvolvimento da modalidade. “É essencial levar o futebol feminino para os melhores estádios e centros de treinamento que temos no país. Uma vez que adentre esses espaços, não há mais como voltar atrás”, afirmou.

Valesca declarou que, apesar das longas distâncias entre cada uma das sedes propostas pelo Brasil, foi apresentado um calendário regionalizado para cada grupo da competição. “O calendário leva em consideração os climas de cada região para conforto das atletas e o tamanho dos deslocamentos, pela sustentabilidade ambiental.”

Com a utilização dessas arenas, segundo o plano apresentado à Fifa, o principal gasto para o torneio de 2027 será com estruturas provisórias, como a montagem de tendas para receber convidados e imprensa e para a realização de reuniões.

De acordo com os cálculos da candidatura brasileira, esses gastos devem somar US$ 13,3 milhões (cerca de R$ 65 milhões). O financiamento, de novo, segundo o plano apresentado, virá por meio de parceiros e patrocinadores da Fifa e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), sem a utilização de verba pública.

Serão dez cidades brasileiras que vão abrigar os 64 jogos da Copa. Em 2014, foram 12 municípios. A redução tem como objetivo reduzir os deslocamentos e melhorar a logística para equipes e torcedores.

Além do Mundial há uma década, o Brasil recebeu nos últimos anos os Jogos Pan-Americanos, em 2007, os Jogos Olímpicos, em 2016, e a Copa América, em 2019 e 2021.

A entidade máxima do futebol mundial também levou em consideração o apoio do governo federal para o Brasil receber a competição. No entendimento do Ministério do Esporte, um evento com essa magnitude representa uma ferramenta para dar visibilidade ao futebol feminino no país e ampliar seu desenvolvimento.

Na Tailândia, o representante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA).

A CBF também considera o evento uma oportunidade para ampliar as possibilidades para meninas e mulheres que estejam considerando uma carreira no futebol.

“Essa decisão da Fifa anunciada nesta noite terá um grande impacto positivo no futebol feminino brasileiro e na vida de milhões de mulheres do Brasil. Além de investir na realização da Copa do Mundo, toda a cadeia produtiva do futebol feminino no Brasil e na América do Sul dará um imenso salto de desenvolvimento”, afirmou Ednaldo Rodrigues

As mulheres terão a chance de alcançar um feito inédito para país, que nunca venceu um Mundial como anfitrião. Em 1950, a seleção brasileira masculina perdeu a partida decisiva para o Uruguai. No Mundial de 2014, ficou apenas na quarta colocação geral, depois de histórica goleada sofrida diante da Alemanha nas semifinais, por 7 a 1, e de nova derrota na disputa do terceiro lugar, diante da Holanda, por 3 a 0.

A seleção feminina ainda busca o seu primeiro troféu. O melhor resultado das mulheres brasileiras até hoje foi um vice, na edição de 2007, quando foram superadas pela Alemanha, na edição realizada na China.

Será a décima edição da Copa do Mundo feminina. A primeira foi em 1991, na China, palco também do evento em 2007. Outros países que receberam o Mundial foram a Suécia (1995), os Estados Unidos (1999 e 2003), a Alemanha (2011), o Canadá (2015) e a França (2019). Na edição mais recente, Austrália e Nova Zelândia organizaram o campeonato de forma conjunta, em 2023.

No mês passado, Estados Unidos e México desistiram de participar da disputa para sediar a Copa em 2027 e devem apresentar uma nova candidatura conjunta para 2031.

As norte-americanas são as maiores vencedoras da competição, com quatro títulos. A Alemanha tem dois, enquanto Noruega, Japão e Espanha conquistaram um título cada um.

LUCIANO TRINDADE / Folhapress

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