SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nokia relança o clássico tijolão, de olho em quem cansou das redes sociais; começa a renegociação de dívidas para empresas pelo Desenrola e o que mais importa no mercado.
*Um Nokia para chamar de seu*
No tempo em que os telefones celulares eram apenas telefones celulares, quem reinava era a Nokia.
A marca tenta agora recuperar a relevância com lançamentos que pregam justamente a nostalgia, com modelos simples batizados de dumbphones (telefones burros, em tradução literal).
Nesta semana, o Nokia 3210 foi relançado após 25 anos. Ele foi um dos modelos mais vendidos no mundo, carinhosamente apelidado no Brasil de tijolão.
Outros dumbphones já relançados pela marca foram os modelos 110 4G, 2660 Flip e 105.
Os novos modelos foram produzidos pela HMD, empresa de eletrônicos que licenciou os direitos da marca em 2016, depois que a Nokia decidiu mudar o foco dos negócios para infraestrutura de telecomunicações e encerrou a produção de celulares.
A aposta da nova versão: a HMD mira consumidores cansados do excesso de redes sociais, que relatam redução do tempo de tela com esses modelos burros. Ainda assim, o novo celular tem acesso à internet.
↳ Veja as funcionalidades: 4G; bluetooth; câmera de dois megapixels; WhatsApp; Google Maps; e Shorts, do YouTube.
As opções de cores são azul, preto e amarelo. A promessa é que a bateria dure até uma semana.
Quanto custa? 79,99 euros (R$ 445) na França e Alemanha.
Já tem no Brasil? Ainda não, e não há informações sobre a previsão de chegada.
Relembre a versão antiga. O tamanho discreto e o design moderno levou o celular a ser um sucesso em diversos países, com mais de 160 milhões de vendas.
O Snake, conhecido como jogo da cobrinha, ajudou a popularizar o modelo entre os jovens.
A queda da Nokia. A empresa foi fundada na Finlândia ainda no século XIX, com foco em mineração e peças industriais. Ao longo do século XX, produziu todo tipo de infraestrutura eletrônica, sendo a principal fornecedora dos vizinhos russos durante a União Soviética.
↳ Nas décadas de 1980 e 1990, o lançamento dos primeiros telefones celulares levou a Nokia à forte expansão, com clientes de todo o mundo.
Início do fim. A empresa começa a ficar para trás no mercado de celulares depois que Apple e Samsung revolucionam o design dos aparelhos e propõem o fim dos botões e o foco da experiência na tela, com o lançamento do iPhone em 2007.
A crise da empresa foi tão grande nos anos seguintes que impactou, inclusive, a economia finlandesa. Em 2007, por exemplo, no seu auge, a companhia representava 30% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
Chega de redes sociais? O suposto cansaço que a empresa aposta como uma oportunidade de mercado virou tema de saúde nos últimos anos. Prejuízos para a atenção, emoções e visão são descritos como efeitos negativos do uso em excesso.
A comparação com a vida de outras pessoas também é vista como causa de ansiedade;
Pesquisas científicas têm investigado se o uso indiscriminado se enquadra como vício.
Nostalgia lucrativa. No ano passado, a marca dobrou, em relação a 2022, as vendas de outro celular nostálgico, o Nokia 2660 Flip, e espera um crescimento ainda maior do mercado desses tipos de aparelho em 2024, segundo material de divulgação.
A venda desses aparelhos, contudo, tem caído no Brasil a baixa foi de 19,3% em 2023 em relação ao ano anterior.
*Tem dívida?*
MEIs, micro e pequenas empresas foram incluídos no programa de renegociação de dívidas com bancos, batizado de Desenrola Pequenos Negócios.
O que pode ser negociado: débitos com instituições financeiras com pagamentos atrasados há mais de 90 dias, contados a partir do dia 22 de abril.
Endividadas: cerca de 6,3 milhões de micro e pequenas empresas estão inadimplentes no Brasil. A maioria são do setor de serviços (54,2%), seguido por comércio (37,8%) e indústria (7,7%).
Quais bancos topam dar desconto? Banco do Brasil, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander e C6 afirmaram que fazem parte da iniciativa, oferecendo negociações e descontos que variam de 40% a 90%.
Sim, mas O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) indica que planejamento financeiro é fundamental na tomada de crédito, mesmo com renegociação.
O empreendedor deve avaliar os custos e as expectativas de faturamento;
A nova dívida deve ser avaliada com foco na capacidade de pagamento da empresa
Cuidados: a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) alerta que não se deve aceitar ofertas fora das plataformas das instituições financeiras.
↳ Um dos principais pontos de atenção é em relação a pedidos de depósito e transferências de valores. Qualquer pagamento só deverá ser feito por débito em conta após a efetivação do contrato.
*Roubo em família*
Dois irmãos americanos de 24 e 28 anos conseguiram burlar a segurança por trás da criptomoeda Ethereum e roubar US$ 25 milhões. Anton Peraire-Bueno e James Peraire-Bueno são formados pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e foram presos na última terça-feira (14) para aguardar julgamento.
Entenda: a Ethereum é a segunda maior criptomoeda em circulação, atrás apenas do Bitcoin. Ela é transacionada por meio de uma rede, de mesmo nome, que usa a tecnologia blockchain, que é dificílima de ser violada.
Como eles fizeram, segundo o Departamento de Justiça dos EUA:
↳ Invadiram uma parte da infraestrutura da Ethereum onde transações financeiras ficam em espera até serem executadas.
↳ Com o acesso, os irmãos puderam mudar a posição das transações na fila para tentar lucrar. Por exemplo: se uma ordem de transação fosse para comprar determinado ativo, a reordenação feita pelos hackers permitia que eles comprassem esse ativo antes, de terceiros, aumentassem o preço, e só então liberassem a fila para a transação de compra. Assim, eles lucravam com a diferença.
↳ A operação durou 12 segundos. Foi o tempo para a dupla mover as criptomoedas por uma teia de transações para empresas de fachada na tentativa de esconder a origem dos fundos.
Se condenados, Anton e James Peraire-Bueno podem cumprir pena de 20 anos.
De olho: o Departamento de Justiça dos EUA tem se concentrado em combater fraudes na indústria de criptomoedas. O principal caso foi o de Sam Bankman-Fried, da FTX, condenado a 25 anos.
*Para ler*
Petrobras: uma história de orgulho e vergonha, editora Objetiva; 400 páginas.
Crises, lucros e política fazem parte da história da Petrobras, a maior empresa do Brasil. O livro da jornalista Roberta Paduan, lançado em 2016, ajuda a entender o funcionamento da gigante de energia.
Desde o lançamento da obra em 2016, muita coisa mudou, mas ela segue atual como um retrato da corrupção executada por políticos, executivos e empreiteiras. A jornalista explica como os governos e partidos interferiram na administração da Petrobras.
↳ O assunto voltou à tona esta semana com a troca da presidência da estatal.
Gosta de histórias sobre empresas, crises e corrupção? Tenho outras dicas:
A organização: A Odebrecht e o esquema de corrupção que chocou o mundo, de Malu Gaspar.
Why Not: como os irmãos Joesley e Wesley, da JBS, transformaram um açougue em Goiás na maior empresa de carnes do mundo, corromperam centenas de políticos e quase saíram impunes, de Raquel Landim.
VICTOR SENA / Folhapress