SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O diretor iraniano Mohammad Rasoulof contou ao jornal The Guardian como foi sua fuga do Irã após ter sido condenado a oito anos de prisão por seu filme mais recente, “The Seed of the Sacred Fig” (algo como a semente do figo sagrado), que concorre em Cannes.
Rasoulof foi condenado em 8 de maio por fazer seu filme sem obter uma licença das autoridades iranianas. O longa, que conta a história de um juiz que luta contra sua própria paranoia em meio à agitação política em Teerã, marca a filmografia do diretor por mudar seu foco do sistema social do Irã em geral para os indivíduos que perpetuam a repressão.
O diretor escapou a prisão iminente no Irã descartando todos os seus eletrônicos e atravessando uma fronteira montanhosa para a pé. “Foi uma caminhada extremamente exaustiva e perigosa, que durou muitas horas”, contou Rasolouf ao The Guardian.
O diretor está atualmente refugiado na Alemanha e, apesar de estar sem seu passaporte, que foi confiscado pelo governo iraniano, está em contato com as autoridades francesas para poder ir à cerimônia em Cannes na semana que vem.
O cineasta independente, que já foi premiado outras vezes em Cannes e em outros festivais importantes, como o Festival Internacional de Cinema de Berlim, já cumpriu pena em prisões iranianas outras duas vezes, a maioria do tempo em confinamento solitário.
Ele diz acreditar que terá que cumprir sua pena cedo ou tarde. “Escrevi muitos projetos quando estava na prisão e sempre senti que, se passar anos na prisão, não terei força nem capacidade para fazer esses filmes”, disse Rasoulof. “Então, primeiro, eu tenho que fazê-los, e depois é hora de voltar e ir para a prisão.”
Redação / Folhapress