SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Ai, eu fico com frio na barriga”. Nem mesmo 20 anos de carreira e o alcance de prestígio incontestável na música brasileira dão à cantora e compositora Maria Rita momentos tranquilos prestes a entrar em palco.
A artista falou com a reportagem pouco antes de seu show da Virada Cultural de São Paulo, na noite do último domingo (19), entre uma e outra passada de fios do sistema de áudio pelo figurino. “Quando não tem mais frio na barriga, significa que está na hora de parar”, diz.
Séria e atenta às movimentações da equipe de produção, Maria Rita citou a responsabilidade de se apresentar para públicos de shows gratuitos em um contexto de dificuldade de acesso à cultura no país.
“É a galera que saiu de casa porque quis te ver, o que inevitavelmente traz para mesa a discussão do valor da cultura no Brasil, do quão cara ela está. Os shows estão caros”.
A escolha de uma apresentação quase manual, em que tudo é tocado ao vivo e “nada no palco é eletrônico”, ocorre porque é assim que Maria Rita sabe fazer, nas palavras da própria artista.
“Eu sou muito útero, muito âmago, visceral. Então faz sentido esse cuidado de ter os músicos tocando. Até porque temos um show de samba, nossa tradição vem disso”, diz.
Maria Rita estreou na composição de suas próprias canções em 2022, com o EP “Desse Jeito”. Quase dois anos depois, a filha de Elis Regina afirmou que tem novos projetos em andamento, mas que luta para naturalizar o ato de criação.
“Nessa coisa das composições, eu preciso de silêncio. Como não sou uma compositora nata, é um exercício de disciplina. Mas minha vida é muito, muito barulhenta o tempo inteiro, desde a hora que eu acordo até quando vou dormir”.
Maria Rita começou o show no Palco Butantã da Virada Cultural 50 minutos após o horário previsto das 19h, abrindo a apresentação com “Sorriso Aberto”, de Jovelina Pérola Negra. Cantou por uma hora e voltou para bis com a sequência “É/O Homem Falou/Vou Festejar”.
A Guarda Civil Metropolitana traçou estimativa de público de 15 mil pessoas por dia para o local.
LAURA A. INTRIERI / Folhapress