SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça de São Paulo deferiu nesta segunda-feira (20) o pedido de recuperação judicial da varejista Polishop.
A decisão foi proferida pelo juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais. Com isso, ficam suspensas execuções, arrestos e penhoras contra a empresa por um período de 180 dias.
A Cabezón Administração Judicial segue sendo a nomeada para dar seguimento à recuperação, com a função de fiscalizar as atividades da empresa.
A administradora deverá apresentar, em 48 horas, um termo de compromisso e, em 15 dias, uma proposta de trabalho e remuneração, além do primeiro relatório sobre o andamento do processo.
O setor amarga uma crise que ainda reflete os efeitos da pandemia da Covid-19. As varejistas sofreram com a taxa de juros e o crescimento da inadimplência. No caso da Polishop, as dívidas somam R$ 352 milhões.
No início de abril, a empresa já havia conseguido antecipar os efeitos do processo de recuperação para impedir que dívidas e execuções vencessem, o que poderia resultar na liquidação do patrimônio.
Com a aceitação do pedido, a empresa tem 60 dias para apresentar seu plano de recuperação, detalhando como irá pagar responsabilidades trabalhistas e com fornecedores e bancos.
A varejista também foi instruída a apresentar contas mensais e documentos relevantes, como extratos bancários e comprovantes de recolhimento de impostos e encargos sociais.
Um edital será publicado para que os credores apresentem habilitações ou divergências no prazo de 15 dias, diretamente à administradora judicial, de acordo com o processo.
No pedido de recuperação judicial, a Polishop afirmou ter chegado a alcançar uma receita anual de R$ 1,2 bilhão. Em 2023, a rede varejista registrou um prejuízo de R$ 155 milhões.
A empresa diz ter sido afetada pelos fechamentos do comércio durante o controle da pandemia de Covid-19 e, em seguida, pela alta dos juros, que tornou o crédito mais caro.
A varejista também afirmou que já tinha enfrentado dificuldades para crescer entre os anos de 2015 e 2019, antes da crise sanitária, pela concorrênciao de novas empresas de ecommerce e pelo surgimento dos marketplaces.
Fundada na década de 1990 por João Appolinário, a Polishop inicialmente vendia dietas em infocomerciais na TV.
Em 2000, teve início a operação de vendas pela internet e, em 2003, foi inaugurada a primeira loja física, em um shopping de São Paulo.
No mesmo ano, a Polimport, o nome formal da Polishop, criou seu canal de TV, onde eram apresentados os produtos à venda.
A exposição na televisão alavancou as vendas das lojas físicas, que chegaram a 45 unidades em dois anos.
A empresa tem, atualmente, pouco mais de 50 pontos físicos. No ano passado, eram 120 lojas, sendo que algumas delas corriam risco de despejo.
Centros comerciais da Grande São Paulo, do ABC e do interior chegaram a acionar a Justiça para retomar imóveis, alegando inadimplência da varejista.
Procurada, a Polishop não se pronunciou sobre a decisão da Justiça até a publicação desta reportagem.
DOUGLAS GAVRAS / Folhapress