SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) fazem operação na manhã desta terça-feira (21), em quatro estados, contra CACs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) suspeitos de fornecer armamentos e munições para quadrilha do Novo Cangaço.
Nessa modalidade de crime, membros de organizações criminosas cercam cidades, onde causam verdadeiro terror com troca intensa de tiros, e atacam geralmente agências bancárias e caixas eletrônicos.
Segundo o Gaeco, 12 alvos da operação foram presos até o final da manhã desta terça. Um está foragido. Entre os presos, quatro tem registro de CACs. Um é vigilante de carro-forte, um é vigilante, um é comerciante e outro não tem profissão registrada.
De acordo com Jeferson Di Schiavi, delegado da PF, a investigação agora busca apurar se eles eram integrantes do PCC e aproveitaram a legislação para conseguir os armamentos e repassar para organização criminosa ou se eram CACs e foram cooptados pela facção paulista. Ainda segundo o delegado, a investigação busca descobrir se os armamentos eram vendidos ou alugados para as ações do PCC.
Ainda de acordo com Schiavi, foram encontradas muitas armas, que ainda estão sendo contabilizadas.
“Chamou atenção o poder de fogo na mão dos CACs. Eles tinham fuzis, granadas caseiras, armas legais e ilegais”, disse.
A investigação constatou que os criminosos pretendiam realizar uma nova ação do Novo Cangaço, já que foram encontrados materiais, como fardamentos utilizados pela polícia, coletes balísticos, entre outros, ainda com etiquetas, durante busca e apreensão no Maranhão.
“Tudo indica que se preparavam para uma nova ação, mas ainda não sabemos em qual localidade”, afirmou Schiavi.
A organização criminosa, segundo a PF é violenta e executou várias pessoas no Piauí.
“São responsáveis por uma verdadeira carnificina no sul do Piauí nos últimos meses. Esse grupo foi responsável por diversas execuções em decorrência de disputas por pontos de tráfico de drogas naquela região e em Osasco, em São Paulo”, afirmou.
No total, foram cumpridos 13 mandados de prisão temporária e 24 mandados de busca e apreensão domiciliar em São Paulo, Osasco, Santo André, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Piracicaba, Mairinque, Buri, Xique-Xique (BA), Timon (MA) e Corrente (PI).
A investigação começou depois de uma tentativa de roubo em abril de 2023, na cidade Confresa, em Mato Grosso. Na ocasião, cinco suspeitos foram presos e 18 mortos no confronto com as forças de segurança.
Segundo a Promotoria, essa e outras ações semelhantes foram financiadas por integrantes do PCC que atuam no tráfico de drogas e na lavagem de dinheiro. Além disso, a investigação revelou que os principais fornecedores de armas e munições utilizadas pelo PCC são CACs.
O delegado da PF afirmou que a organização criminosa está por trás de ao menos quatro ataques do Novo Cangaço nas cidades de Confresa (MT) em 2023, Guarapuava (PR) em 2022, Araçatuba (SP) em 2021, e Criciúma (SC) em 2020.
A operação também conseguiu o bloqueio de contas e o sequestro de bens no valor de até R$ 4 milhões.
A ação contou com apoio operacional de equipes da Rota, da 10ª Companhia de Força Tática e do 10º BAEP da Polícia Militar.
POLICIAIS E CACS SÃO ALVOS DE OPERAÇÃO NO NORDESTE
Em outra operação na manhã desta terça-feira, no Nordeste, a PF faz operação contra organização criminosa formada por policiais militares da Bahia e Pernambuco, proprietários de lojas de armas e munições e CACs.
A operação, batizada de Fogo Amigo, investiga uma quadrilha suspeita de vender armas e munições de forma ilegal para facções criminosas nos estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas.
A Justiça determinou o cumprimento de 20 mandados de prisão, dos quais 18 já foram cumpridos até as 9h desta terça. Também estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão nos três estados nordestinos.
Foi deferido o sequestro de bens e bloqueio de recursos dos investigados que chegam a R$ 10 milhões. Ainda foi determinada a suspensão das atividades de três lojas que vendiam material bélico de forma irregular.
A operação envolve Polícia Federal, Exército, Polícia Civil da Bahia, além das Polícias Militares e Ministérios Públicos estaduais da Bahia e Pernambuco. Cerca de 325 pessoas estão envolvidas na operação.
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress