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Não à guerra por tudo

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Não à guerra por tudo
Carlos Biasoli é escritor

Não à guerra por mil e uma noites e mil e um motivos. Não à guerra pelos filhos. Não à guerra pelas mães dos filhos. Não à guerra pelos filhos dos filhos. Não à guerra pelos órfãos. Não à guerra pelas famílias. Não à guerra pelas vítimas sem socorro. Não à guerra pelos traumatizados. Não à guerra pelos deprimidos do pós-guerra. Não à guerra pela dor. Não à guerra pela angústia. Não à guerra pelo choro dos aflitos. Não à guerra pelo coro dos pacifistas. Não à guerra pelo berro dos revoltados. Não à guerra dos tiranos mentirosos. Não à guerra pelo sentimento de vingança. Não à guerra fomenta do terrorismo. Não à guerra pela fome criada por ela. Não à guerra pelo pão. Não à guerra pelas doenças resultantes dela. Não à guerra pela saúde. Não à guerra pelas crianças vitimadas. Não à guerra pelas crianças exploradas pela mídia. Não à guerra pelos idosos humilhados. Não à guerra pelos aleijados produzidos por ela. Não à guerra pelos mortos. Não à guerra pelos vivos. Não à guerra pelos que estão por nascer. Não à guerra pelos desaparecidos. Não à guerra pelos aflitos e oprimidos. Não à guerra pelo povo iraniano, iraquiano colombiano ou ribeirãopretano. Não à guerra pelo derramamento de sangue provocado por ela. Não à guerra por petróleo. Não à guerra por minha bicicleta que não precisa de gasolina. Não à guerra por domínio. Não à guerra por imperialismo. Não à guerra dos cowboys texanos. Não à guerra dos árabes fanáticos. Não à guerra dos ingleses mentirosos. Não à guerra dos hipócritas. Não à guerra da escória. Não à guerra do interesse das grandes corporações. Não à guerra pela vida. Não à guerra por e pelo amor. Não à guerra do Bem contra o Mal. Não à guerra das pernas amputadas. Não à guerra dos braços amputados. Não à guerra pela língua. Não à guerra pelos demais órgãos e vísceras explodidos. Não à guerra pelos corpos surrados e jogados em covas de areia. Não à guerra dos suicidas. Não à guerra das religiões. Não à guerra dos deuses. Não à guerra dos falcões. Não à guerra dos homens brancos. Não à guerra dos políticos. Não à guerra do Pentágono. Não à guerra de Bagdá. Não à guerra da CNN. Não à guerra da Al Jazeera. Não à guerra dos mísseis. Não à guerra das armas químicas. Não à guerra dos Árabes. Não à guerra dos Judeus, americanos, russos, chineses… Não à guerra pelos enfermos. Não à guerra pelo suor alheio. Não à guerra pelo respeito. Não à guerra pela Terra Santa. Não à guerra pela raça humana. Não à guerra pela natureza. Não à guerra pela música. Não à guerra pela arte. Não à guerra pela poesia. Não à guerra do “choque e pavor”, sobretudo que é melhor sempre a paz o sexo e o amor. Não à guerra para não esquecermos o mal que ela nos faz. Não à guerra para não fazermos dela algo comum. Não à guerra por minha dignidade. Não à guerra por minha lucidez. Não à guerra por minha embriaguez. Não à guerra pelos meus filhos. Não à guerra por mim. Não à guerra por minha amada. Não à guerra pelo meu cão. Não à guerra por você, leitor. Não à guerra por todos nós.
Não à guerra por ora e sempre por sua infinita inutilidade.