SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O principal nome do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha) para o Parlamento Europeu se afastou da campanha, nesta quarta-feira (22), após ter afirmado a um jornal italiano que nem todos os membros da SS, organização paramilitar nazista, eram criminosos.
Em um comunicado, Maximilian Krah anunciou que não participará das próximas atividades e que renunciou à liderança da AfD (Alternativa para a Alemanha). No entanto, como a lista de postulantes a eurodeputados não pode mais ser alterada na Alemanha, ele seguirá como candidato à reeleição. O pleito europeu ocorre nos 27 Estados-membros de 6 a 9 de junho, e os alemães votam no dia 9, domingo.
“Minhas declarações estão sendo usadas como pretexto para prejudicar nosso partido. A última coisa que precisamos agora é de um debate sobre mim. A AfD deve preservar sua unidade”, afirmou Krah.
Em entrevista ao La Reppublica, no fim de semana, Krah afirmou que jamais iria dizer que “todos aqueles que vestiram um uniforme da SS eram, automaticamente, criminosos”. “É preciso analisar caso a caso”, declarou. “Entre os 900 mil integrantes da SS também havia muitos camponeses. Certamente havia uma alta porcentagem de criminosos, mas não apenas isso.”
A Schutzstaffel (“tropa de proteção, em alemão), ou simplesmente SS, era um grupo paramilitar nazista responsável por administrar os campos de concentração e extermínio durante o Holocausto, o assassinato de 6 milhões de judeus e de outros grupos.
Liderada por Heinrich Himmler, a organização acumulou poder e prestígio ao longo dos anos sob Adolf Hitler e foi responsável por aplicar as leis de pureza racial do regime.
A declaração foi sucedida pelo anúncio da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, de que seu partido, o Reunião Nacional, “estava rompendo” com a AfD, em um sinal de que a legenda alemã se tornou um aliado tóxico para as eleições europeias.
Em ação coordenada, vários dos outros aliados da AfD dentro da coalizão de extrema-direita Identidade e Democracia, no Parlamento Europeu, anunciaram que poriam fim à sua aliança com o partido alemão.
Em comunicado, a AfD disse que houve uma “troca construtiva” entre sua direção e Krah, mas ambos chegaram à conclusão de que a fala do dirigente causou “danos enormes ao partido na atual campanha eleitoral”.
Krah assumiu “total responsabilidade política” pelas suas ações e concordou em renunciar imediatamente ao conselho executivo federal da AfD.
OUTRAS POLÊMICAS DA AFD
Os comentários do fim de semana não são o único escândalo envolvendo a campanha da AfD para as eleições europeias.
Em janeiro, a participação de alguns dos seus membros em uma reunião de extrema-direita para discutir um projeto de expulsão em massa de estrangeiros teve grande repercussão na Alemanha.
Krah também está sendo investigado por ligações suspeitas com a Rússia e a China. Um assessor dele, Jian Guo, foi detido no mês passado após ter sido acusado de ser “um empregado dos serviços secretos chineses” e de ter “transmitido, repetidamente, informações sobre negociações e decisões no Parlamento Europeu ao seu cliente dos serviços secretos”, de acordo com o canal EuroNews. Guo é também acusado de ter monitorado dissidentes chineses que vivem na Alemanha.
Redação / Folhapress