SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a elite do esporte reunida durante os Jogos de Paris, a expectativa é que novos recordes olímpicos e mundiais sejam alcançados em diversas modalidades, como atletismo, natação e levantamento de peso.
O atletismo que teve nove recordes olímpicos quebrados nos Jogos de Tóquio, realizados em 2021 detém a marca que perdura há mais tempo em uma edição das Olimpíadas. Ela foi alcançada na Cidade do México, em 1968: o norte-americano Bob Beamon obteve a marca de 8,90 m no salto em distância, 55 cm acima do recorde anterior, estabelecido em Tóquio, em 1964.
O também norte-americano Mike Powell chegou a ultrapassar a marca de Beamon com um salto de 8,95 m, em 1991, mas isso foi no Mundial de atletismo. O recorde olímpico, portanto, permanece intacto há 56 anos. Nos Jogos mais recentes, em Tóquio, o grego Miltiadis Tentoglou conquistou a medalha de ouro com 8,41 m. Em 2023, Tentoglou venceu o Mundial, disputado em Budapeste, com 8,52 m.
Neste ano, em Paris, a pista de atletismo no Stade de France poderá ser o palco para a consagração da velocista jamaicana Elaine Thompson-Herah.
Atual bicampeã olímpica nos 100 m rasos e nos 200 m rasos, Thompson-Herah tem a chance de se juntar ao compatriota Usain Bolt e se sagrar a primeira mulher tricampeã nas duas principais provas de velocidade do atletismo.
A jamaicana é a atual recordista olímpica na distância de 100 m, estabelecida nos Jogos de Tóquio com o tempo de 10s61, um centésimo de segundo abaixo da marca da norte-americana Florence Griffith-Joyner, que reinava desde a disputa de 1988, em Seul. O recorde mundial continua com Griffith-Joyner, que completou a distância em 10s49 em 1988, na seletiva olímpica.
Nos 200 m, Thompson-Herah completou o percurso que lhe valeu o bi olímpico em Tóquio com o tempo de 21s53, ficando a 0s19 do recorde de 21s34, estabelecido por Griffith-Joyner.
Novos recordes são esperados na prova masculina dos 400 m com barreiras. Na última edição dos Jogos, o norueguês Karsten Warholm cruzou a linha de chegada na frente dos demais e se tornou o primeiro homem a completar a prova abaixo de 46s, com o tempo de 45s94.
Em uma disputa histórica, os três medalhistas concluíram o percurso abaixo do velho recorde mundial de Kevin Young, de 46s78, que durou das Olimpíadas de Barcelona-1992 até julho de 2020, quando o próprio Warholm o reduziu para 46s70.
A prata ficou com o norte-americano Rai Benjamin (46s17), e o bronze, com o brasileiro Alison dos Santos (46s72). Santos estabeleceu o novo recorde sul-americano na ocasião. Em 2022, no Mundial disputado nos Estados Unidos, o corredor brasileiro ficou com o ouro com o tempo de 46s29, o atual recorde em campeonatos mundiais. Warholm, então com problemas físicos, terminou a prova na sétima colocação, e Benjamin ficou com a prata.
O Brasil detém, ainda, o recorde olímpico no salto com vara, conquistado por Thiago Braz nos Jogos do Rio, em 2016, com a marca de 6,03 m. Ele superou o recorde anterior de 5,97 m, que garantiu a primeira posição na edição de 2012, em Londres, ao francês Renaud Lavillenie.
Na disputa olímpica mais recente, em Tóquio, o campeão foi o sueco Armand Duplantis, que ficou a um centímetro do recorde de Braz. Duplantis é o atual detentor do recorde mundial, de 6,24 m, conquistado em abril de 2024 na etapa de Xiamen (China) da Diamond League.
O brasileiro corre o risco de não disputar os Jogos de Paris. Ele foi suspenso em julho de 2023 após resultado positivo em exame antidoping, que detectou a presença da substância ostarina, droga utilizada para aumento de massa muscular. O atleta recorreu e aguarda julgamento na Athletics Integrity Unit (Unidade de Integridade do Atletismo).
MAIOR MEDALHISTA EM TÓQUIO NÃO DEVE REPETIR O DESEMPENHO EM PARIS
A natação foi a modalidade que mais estabeleceu recordes olímpicos na última edição dos Jogos, com 19 marcas superadas nas piscinas do Centro Aquático de Tóquio. Em um esporte com atletas cada vez mais velozes, os recordes olímpicos mais antigos na natação datam de 2008, pertencentes ao fenômeno norte-americano Michael Phelps.
Medalhista de prata nos 400 m medley nos Jogos de Los Angeles, em 1984, e diretor de esportes da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Ricardo Prado apontou que a preparação dos atletas foi prejudicada na última edição dos Jogos por causa da pandemia de Covid-19.
Sem o impacto do coronavírus na rotina de treinos, é esperado que uma série de novos recordes seja estabelecida na capital francesa, disse Prado: “Paris tem tudo para superar Tóquio”.
O diretor da CBDA avalia, contudo, que o principal nome da natação em Tóquio não deve repetir a performance na Arena La Défense, onde serão disputadas as provas de natação na capital francesa.
O norte-americano Caeleb Dressel, 27, foi o maior medalhista dos Jogos em 2021 com cinco ouros.
Ele estabeleceu em Tóquio o recorde olímpico na prova de 50 m estilo livre, com o tempo de 21s07, superando a marca do brasileiro Cesar Cielo, de 21s30, registrada em 2008, em Pequim. Dressel também conquistou o ouro e o recorde olímpico nos 100 m livre com o tempo de 47s02, superando os 47s05 obtidos pelo australiano Eamon Sullivan em Pequim.
O norte-americano estabeleceu, ainda, o recorde mundial nos 100 m borboleta (49s45) e ajudou a equipe de seu país a alcançar a marca inédita de 3min26s78 no revezamento 4 x 100 m medley masculino.
“Não acho que o Caeleb vai ser o grande nome da natação em Paris”, afirmou Prado. Ele lembrou que o nadador ficou afastado das piscinas para tratar de questões relacionadas à saúde mental por cerca de um ano, tendo voltado às competições em maio de 2023.
Dressel abandonou o Mundial que estava sendo disputado em Budapeste, em junho de 2022, antes da final dos 100 m livre. À época, a USA Swimming (órgão regulador da natação dos EUA) apontou “razões médicas” para a ausência. Alguns meses depois, o nadador revelou que se afastou para tratar o quadro de depressão e os ataques de pânico que vinha sofrendo pela pressão relacionada às competições.
Em dezembro do ano passado, Dressel venceu a primeira prova desde o seu retorno, com a conquista dos 100 m borboleta no US Open. Ele ainda terá de nadar nas seletivas do país, em junho, para garantir presença em Paris. “Ele está casado, tem um filho pequeno. Penso que, no lugar dele, teria mudado um pouco as minhas prioridades”, disse Prado.
Sem a estrela da natação dos Estados Unidos em sua melhor forma, o diretor da CBDA apontou a China como uma das principais esperanças de recorde nas provas de velocidade.
Entre os nomes para ficar de olho, Prado citou o jovem chinês Zhanle Pan, de apenas 19 anos. Ele venceu os 100 m livre no mundial disputado em fevereiro de 2024 em Doha. Pan também ajudou seu país a vencer o revezamento 4 x 100 m livre, quando abriu a disputa estabelecendo o novo recorde mundial da prova com o tempo de 46s80, abaixo dos 46s86 do romeno David Popovic, alcançados no Campeonato Europeu em 2022.
GEORGIANO LASHA TALAKHADZE MIRA A MARCA DE 500 KG NO LEVANTAMENTO DE PESO
O georgiano Lasha Talakhadze, bicampeão olímpico e detentor do recorde mundial no levantamento de peso, vai em busca de novos limites em Paris.
Na conquista de seu primeiro ouro olímpico, em 2016, no Rio de Janeiro, Talakhadze estabeleceu o recorde mundial com a marca de 473 kg sendo 215 kg no arranco e 258 kg no arremesso, superando a marca de 472 kg do iraniano Hossein Rezazadeh, obtida na edição olímpica de 2000, em Sydney.
Em Tóquio, Talakhadze estabeleceu um novo recorde mundial para ficar com o ouro, ao levantar 488 kg no total, sendo 223 kg no arranco e 265 kg no arremesso.
Em dezembro de 2021, o heptacampeão mundial estabeleceu novas marcas na modalidade, com 225 kg no arranco e 267 kg no arremesso, chegando ao recorde mundial vigente até hoje, de 492 kg, que ele próprio tentará superar em Paris.
Talakhadze já declarou que tem como objetivo chegar o mais próximo possível da marca de 500 kg.
LUCAS BOMBANA / Folhapress