Governo de Papua-Nova Guiné eleva para 2.000 estimativa de mortos após deslizamento de terra

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de Papua-Nova Guiné afirmou à ONU (Organização das Nações Unidas) que estima haver mais de 2.000 pessoas soterradas após um deslizamento de terra em vilarejos ao norte do país da Oceania, na última sexta-feira (24).

“O deslizamento (…) causou grande destruição em construções e plantações e teve um grande impacto na economia do país”, disse Lusete Laso Mana, diretor do Centro Nacional de Desastres, em carta às Nações Unidas.

No domingo (26), a ONU havia divulgado uma estimativa de 670 mortos. O relatório mencionava as dificuldades de salvar os atingidos. A principal rodovia da região está interditada, e o solo permanece instável, com água fluindo sob as rochas, deslocando a terra e “representando um perigo contínuo tanto para as equipes de resgate quanto para os sobreviventes”. Apenas cinco corpos foram encontrados até este domingo, segundo uma autoridade local.

As Nações Unidas organizarão nesta terça (28) uma reunião com diversos governos para tentar coordenar os trabalhos de resgate. Segundo funcionários da organização, a necessidade de assistência será de longa duração. “Essa situação exige ação imediata e apoio internacional para mitigar mais perdas e fornecer ajuda essencial aos afetados”, disse Anne Mandal, porta-voz da OIM (Organização Internacional para as Migrações), um dos braços da ONU.

“Já se passaram mais de três dias desde que o desastre aconteceu, então estamos correndo contra o tempo”, afirmou Serhan Aktoprak, da OIM.

O ministro papuano da Defesa, Billy Joseph, disse que 4.000 pessoas viviam em seis aldeias remotas e montanhosas na área de Maip-Mulitaka, na província de Enga, onde o deslizamento ocorreu na madrugada de sexta (tarde de quinta no Brasil), enquanto a maioria dormia. Mais de 150 casas ficaram destruídas. Equipes de resgate ouviram gritos vindos da pilha de escombros.

“Tenho 18 membros da minha família enterrados aí e muitos outros na aldeia que não consigo nem contar”, disse Evit Kambu à Reuters. “Mas não tenho como recuperar os corpos. Estou aqui, impotente.”

Mais de 72 horas após o deslizamento, os moradores ainda usavam pás, paus e as próprias mãos para tentar remover os detritos.

O vilarejo de Yambali, na encosta de uma colina na província de Enga, foi arrasado quando parte do Monte Mongalo desabou. A vila de Kaokalam também foi atingida.

Imagens publicadas pela imprensa local mostram uma enorme quantidade de pedras e de terra que caíram de uma colina, e dezenas de pessoas cavando entre as rochas e tentando ouvir sons de possíveis sobreviventes.

Durante o fim de semana, a ONU estimou que mais de 250 casas já haviam sido abandonadas, pois os moradores temiam novos deslizamentos. Ao menos 1.250 pessoas tiveram de ser deslocadas.

Chegar aos sobreviventes tem se mostrado um desafio. Um comboio de ajuda chegou à área no sábado à tarde para entregar lonas e água, mas sem comida.No domingo, o governo local garantiu comida e água para cerca de 600 pessoas, de acordo com a ONU, mas equipamentos pesados para remover os montes de terra e de pedras ainda não haviam chegado.

Rixas tribais também têm aumentado os riscos de segurança. Mesmo antes do desastre, essa região de Papua-Nova Guiné vinha enfrentando conflitos que levaram pessoas a fugir de aldeias vizinhas. Muitas delas estavam na comunidade soterrada pelo deslizamento. Em setembro do ano passado, grande parte de Enga ficou sob bloqueio do governo central e sob toque de recolher, sem voos de entrada ou saída.

Agora, o temor é do que essas disputas se agravem pela falta de suprimentos provocada pelo incidente de sexta-feira (24).

No domingo, o Itamaraty emitiu um comunicado sobre a tragédia. “O governo brasileiro tomou conhecimento, com pesar, dos deslizamentos de terra ocorridos na província de Enga, no noroeste da Papua-Nova Guiné, que vitimaram centenas de pessoas”, diz a nota. “Ao expressar condolências às famílias das vítimas e votos de plena recuperação aos atingidos, o governo brasileiro transmite sua solidariedade ao governo e ao povo papuásio.”

Com seu território dentro do chamado Círculo de Fogo do Pacífico, Papua-Nova Guiné registrou vários terremotos e deslizamentos de terra desde o início do ano. As etnias papuana e melanésia são as principais do país de cerca de 10 milhões de habitantes, no qual são falados mais de 800 idiomas tribais. Subdesenvolvida, a economia é baseada na extração do óleo de palma e na mineração (ouro, cobre, níquel). Antigo território britânico e alemão, tornou-se protetorado da Austrália até 1975, quando declarou sua independência. Integra a Commonwealth (Comunidade Britânica).

Redação / Folhapress

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