RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) retomou nesta segunda-feira (27) suas viagens, com uma caravana iniciada pelo interior paulista por doações aos atingidos pela tragédia ambiental do Rio Grande do Sul, depois de ter ficado 11 dias internado em São Paulo.
Bolsonaro ficou internado para tratar uma erisipela agravada na perna e teve alta no último dia 17. Nesta segunda, ele fez sua primeira aparição pública desde então.
Ele e aliados políticos deram início a uma caravana pelo interior paulista que começou em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) e passará nos próximos dias por Rio Claro, Campinas, Jundiaí, São Bernardo do Campo e Guarulhos.
Na sequência, segundo seus aliados, dependendo da saúde do político e das parcerias fechadas, a proposta pode se estender também para outros estados, como Paraná e Santa Catarina.
“A intenção é, mais uma semana de planejamento, quem sabe, ir para o Paraná; mais uma semana de planejamento, Santa Catarina, e assim nós vamos indo. Porque, estou comentando com as pessoas que me questionam, não serão dias, não serão semanas, não serão meses. Estou falando em anos [para recuperar o Rio Grande do Sul]”, afirmou o deputado federal Luciano Zucco (PL-RS).
É a segunda visita do ex-presidente a Ribeirão no intervalo de um mês. Pouco antes de ser internado, ele participou de um ato em 28 de abril e, no dia seguinte, do primeiro dia de visitação pública da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação).
O evento em Ribeirão nesta segunda começou às 10h para o recebimento de alimentos e outros itens, e doadores chegaram a ficar duas horas na fila para tirar uma foto com o ex-presidente.
Bolsonaro disse à Folha de S.Paulo que não pensa em fazer pessoalmente a entrega das doações no Rio Grande do Sul e que seus filhos não devem participar da caravana, mas que a iniciativa surgiu após relatório que recebeu de dois deles sobre a situação no estado.
“Os dois [Eduardo, deputado federal, e Carlos, vereador no Rio] já foram ao Rio Grande do Sul, viram lá e me trouxeram informações. Estou participando só agora porque estava hospitalizado, mas tenho conversado que essas ações vão ter que durar por meses, porque o que aconteceu lá foi algo diferente de apenas uma enchente. Muita gente perdeu a casa, perdeu tudo. E a reconstrução vai levar anos”, afirmou Bolsonaro.
Até o início da tarde, centenas de pessoas tinham passado pelo drive-thru de doações, como a empresária Daniele Ferreira, 42, que contou ter saído pouco depois das 4h da manhã de Mirassol (SP) com o marido e uma amiga. Segundo ela, o ex-presidente foi a principal motivação para viajar 218 quilômetros para levar os donativos.
A arrecadação foi montada em um espaço alugado de uma Igreja católica na zona sul (nobre) da cidade e contou com a mobilização das polícias Civil e Militar para organização da fila para doação e foto e do drive-thru de donativos, além de segurança privada.
Ao defender as doações, Bolsonaro se referiu à população do Rio Grande do Sul como trabalhadora e patriota.
“É uma ação humanitária, mas essa consideração do povo não tem preço e aquele povo trabalhador patriota [do RS] precisa do apoio de todos os brasileiros nesse momento, nos orgulha a todos essa forma de um brasileiro atender o chamamento”, disse Bolsonaro.
O comboio final da caravana deve sair da capital paulista, onde os aliados pretendem reunir Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Caso a situação em Porto Alegre permita, a cidade deverá ser usada como ponto de apoio para a distribuição das doações, que devem ser destinadas a cidades gaúchas menores também afetadas e de acesso mais difícil.
Paulo Junqueira, presidente do Sindicato Rural e da Associação Rural de Ribeirão Preto e principal promotor da caravana, disse que a previsão era arrecadar entre duas e três carretas de donativos para o Rio Grande do Sul.
Em Rio Claro, de acordo com Zucco, antes da presença do ex-presidente, já há seis carretas com doações.
“Acredito que vai ser muito acima da expectativa e que também tenhamos alguma coisa em São Paulo, junto com o governador Tarcísio, se o Bolsonaro aguentar”, disse Junqueira.
DANIELLE CASTRO / Folhapress