BUENOS AIRES ARGENTINA (FOLHAPRESS) – Após dias de especulação sobre conflitos internos, o chefe de gabinete do governo de Javier Milei na Argentina, Nicolás Posse, renunciou ao cargo na noite desta segunda-feira (27). Sua principal função era coordenar os trabalhos em conjunto dos ministérios.
Em comunicado, a Casa Rosada disse brevemente que a saída de Posse se deu por “diferenças de critérios e expectativas na condução do governo e das tarefas a ele encomendadas”.
Nos corredores de outros ministérios, ele era visto como uma figura inexpressiva. Nas palavras de alguns interlocutores, alguém cuja voz raramente se fazia ouvir em qualquer reunião de ministros.
A ausência de Posse no show que Javier Milei fez na última semana durante o lançamento de seu novo livro no Luna Park, um histórico espaço de apresentações em Buenos Aires, foi o maior indicativo de que seus dias no governo ultraliberal estavam contados.
Para seu lugar, Milei anunciou o atual ministro do Interior, Guillermo Francos. Ao contrário de Nicolás Posse, Francos assumiu um papel protagonista nas negociações para fazer avançar no Congresso o pacotão de medidas liberais que o governo quer aprovar e que está parado no Senado, com expectativa de algum avanço nesta semana.
Diferentemente do comunicado mais sóbrio da Casa Rosada, a nota emitida pelo gabinete presidencial leia-se Karina Milei, secretária-geral e irmã de Milie, figura predominante no governo praticamente não mencionou Posse. Dedicou-se, em vez disso, a elogiar Francos.
“Ele assumirá com profissionalismo, experiência e capacidade política a função de chefe de gabinete, sendo reconhecido por todas as forças políticas por sua capacidade de gestão e consenso”, diz o texto.
Inicialmente a Casa Rosada negava a possível saída de Posse frente a rumores de que ele já não se entendia com Milei. “A versão sobre sua saída é absolutamente falsa”, disse o porta-voz Manuel Adorni no último dia 23. Dois dias depois seu chefe afirmou que não só Posse, “mas todo o gabinete”, estavam sob constante avaliação e que nenhuma mudança era descartada.
Trata-se da baixa mais significativa no governo Milei nestes quase seis meses de gestão. Em março passado, já havia sido oficializada a saída de Guillermo Ferraro, do então Ministério de Infraestrutura.
Oriundo do setor privado, não do político, Nicolás Posse conhecia Milei desde aproximadamente 2009, quando trabalharam juntos. Ele vinha sendo uma das figuras centrais na interlocução do governo argentino com a Casa Rosada e organismos financeiros como o FMI (Fundo Monetário Internacional) ao lado da chanceler Diana Mondino.
MAYARA PAIXÃO / Folhapress