SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio à disputa pela Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) devem comparecer à 28ª Parada do Orgulho LGBT+, no próximo domingo (2), enquanto o prefeito Ricardo Nunes (MDB) ainda não bateu o martelo sobre ir ao evento ou não.
As assessorias de Boulos e Tabata afirmaram à Folha de S.Paulo que a ida à parada está prevista na agenda de ambos, que têm mais adeptos entre o público progressista.
Agora aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Nunes, por sua vez, atrai eleitores conservadores da direita. Nos anos anteriores, 2022 e 2023, quando já estava sentado na cadeira de prefeito, o emedebista tampouco esteve presente na Parada LGBT+, cujo público costuma vaiar Bolsonaro. Ele enviou representantes nas duas ocasiões.
Por outro lado, Nunes deve comparecer à Marcha para Jesus, principal evento do segmento evangélico, na quinta-feira (30), enquanto Boulos e Tabata estarão ausentes. O prefeito tem larga vantagem entre o público evangélico em comparação com os principais adversários, segundo pesquisa Datafolha de março.
Na quinta, Tabata vai à missa e procissão de Corpus Christi na Paróquia São Francisco Xavier, na Vila Missionária (zona sul), onde ela cresceu.
Segundo aliados, Bolsonaro, que esteve na Marcha para Jesus em 2019 e 2022, não deve comparecer neste ano –ele também esteve ausente em 2023. O ex-presidente fará um giro pelo interior de São Paulo em mobilizações com a justificativa de arrecadar doações para o Rio Grande do Sul.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a Parada LGBT+ deve ter tom político neste ano. Com o tema “Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo”, os organizadores pretendem refletir sobre a importância do “voto consciente” e representativo.
Os participantes foram convidados a vestir roupas em verde e amarelo. A ideia é retomar o uso das cores da bandeira do Brasil, associadas à direita bolsonarista nos últimos anos.
No ano passado, o governador bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfrentou críticas de seus apoiadores pelo financiamento do Governo de São Paulo à parada LGBT+ e pelo projeto de parceria público-privada que prevê instalação de um centro de cultura LGBT+ na avenida Paulista –um investimento de R$ 60 milhões.
Nunes, que precisa dos votos bolsonaristas para chegar à reeleição, vai se dedicar no feriado de Corpus Christi ao aceno ao público evangélico, enquanto a presença na parada ainda é incerta. Como vereador, integrava a chamada bancada religiosa da Câmara Municipal, por ser católico.
Neste ano, a parada terá apresentações de Pabllo Vittar, Banda Uó, Sandra de Sá, Tiago Abravanel, Glória Groove, Ludmilla Anjos e Filipe Catto.
“Somos seres políticos. Por isso, nesta edição, escolhemos um tema que vai além da festa. Um tema que convoca cada um a refletir”, disse o presidente da parada, Nelson Matias. “Mais do que um voto consciente, precisamos ter um voto crítico para mudar a realidade de retrocessos.”
Em 2022, após dois anos de edições virtuais devido à pandemia de Covid-19, Nunes participou do lançamento da Rede de Orgulho, um encontro promovido em um hotel na zona sul pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que também organiza a parada. O prefeito, no entanto, não desfilou no evento em si.
Naquele ano, o tema da parada foi “Vote com Orgulho” e houve momentos em que o público gritou “Fora, Bolsonaro”.
A postura difere da adotada pelo seu antecessor, Bruno Covas (PSDB), que esteve na parada em edições anteriores e se posicionava politicamente a favor da comunidade LGBT+.
Ainda em 2022, a ex-prefeita Marta Suplicy, que hoje está no PT e é vice na chapa de Boulos, foi à Parada LGBT+ e criticou o ex-presidente. Na época, ela era secretária de Relações Internacionais de Nunes na prefeitura.
“Este é um momento decisório das nossas vidas. O voto consciente é para aonde a gente quer que o Brasil caminhe. […] Estamos no retrocesso civilizatório”, publicou ela em suas redes no dia do evento.
CAROLINA LINHARES / Folhapress