PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – A enchente registrada na manhã do dia 2 de maio deixou um rastro de destruição na propriedade rural de Vernei Kunz, 60, no interior do Rio Grande do Sul. Em torno de 4.000 porcos foram arrastados do local pela cheia do rio Forqueta, no município de Travesseiro (a 180 km de Porto Alegre).
“Choveu muito nos municípios mais para cima. A água veio pelo rio e aí levou tudo junto”, lamenta o criador. “Umas 700 porcas, matrizes suínas, nós conseguimos salvar. Mas era muito animal, a gente não conseguiu tirar todos eles.”
Dos 11 chiqueiros na propriedade, 9 foram derrubados pela enchente. “É muito escombro, muita área construída, muito entulho. Ficou madeira, muita coisa entrou nos galpões, árvores enormes no meio”, afirma Kunz.
Quase um mês após a tragédia, o produtor diz que pretende usar uma parte da propriedade para fazer lavoura. Ele, contudo, ainda não tem planos totalmente definidos.
“Tem que levar adiante, ver como vai ficar agora. Tem que se recompor de alguma forma”, declara Kunz, que trabalha com criação de suínos há 42 anos, desde 1982.
Travesseiro tem uma população de 2.152 habitantes, segundo o Censo Demográfico 2022. Pertence ao Vale do Taquari, região devastada pela catástrofe climática das últimas semanas.
A economia da cidade é fortemente baseada na agricultura e na pecuária. Além de afetar a produção, a enchente também criou um gargalo logístico para a população local, já que arrancou uma ponte sobre o rio Forqueta.
A construção era o principal acesso de Travesseiro ao município vizinho de Marques de Souza e à BR-386. Sem a travessia, o transporte de pessoas e de mercadorias, incluindo insumos para a agropecuária, fica comprometido. É necessário fazer deslocamentos mais extensos.
Com o drama, moradores locais até organizaram uma campanha via Pix para levantar recursos para a construção de outra ponte. A Prefeitura de Travesseiro anunciou que R$ 4,1 milhões foram aprovados pelo governo federal para o projeto.
Até sexta-feira (24), a catástrofe climática havia deixado um prejuízo de R$ 10,4 bilhões para o Rio Grande do Sul, de acordo com levantamento da CNM (Confederação Nacional de Municípios). O montante inclui perdas de R$ 2,7 bilhões para a agricultura e de R$ 245,4 milhões para a pecuária, aponta a entidade.
LEONARDO VIECELI / Folhapress