PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) – “Não tem como não chorar, né?”, diz uma mulher que deixa escapar uma lágrima ao ver a situação de uma das escadarias que dão acesso à estação Mercado da Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre). Outro pedestre que passa pelo local solta um palavrão ao observar o quadro de devastação na manhã desta quinta-feira (30).
Com a enchente de proporções históricas no centro de Porto Alegre, a estrutura ficou entupida de lixo e líquido fétido. Sacolas, garrafas, latas e outros objetos tomam conta do espaço.
É como se uma piscina de esgoto tivesse sido formada no acesso à estação de trens, que está fora de operação. Em alguns casos, o cheiro forte chega a causar enjoo. A estrutura fica ao lado do Mercado Público, um dos principais pontos turísticos da capital gaúcha.
Em tempos normais, ao descer as escadarias, o usuário pode acessar as bilheterias e as catracas de embarque, no subsolo da estação. Depois desse espaço, o passageiro sobe para pegar o trem, cujo percurso é paralelo a vias da região metropolitana.
O carpinteiro João Carlos Pires Alves, 59, também se assustou ao passar pela entrada da estação Mercado nesta quinta-feira. “Terrível”, descreve o trabalhador, que se emociona ao falar sobre o rastro de destruição deixado pela enchente.
“Um absurdo total”, afirma o administrador Luís Carlos Silveiro, 55, mais um a ficar impressionado com a situação na estação de trens.
Em tempos de normalidade, o sistema da Trensurb conecta Porto Alegre a cinco cidades da região metropolitana (Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo).
A estação Mercado e outras duas na capital (Rodoviária e São Pedro) tiveram perda total de equipamentos, segundo o diretor-presidente da estatal, Fernando Marroni.
“Mercado, Rodoviária e São Pedro ficaram submersas. Perda total. Ficaram inutilizadas.”
Ele afirma que ainda não há prazo definido para a reabertura das três unidades. “Estamos fazendo contratação emergencial para esgotamento sanitário porque viraram piscina.”
Em 2024, antes das inundações, os trens da Trensurb transportaram 116 mil passageiros em média por dia, conforme o diretor-presidente.
O sistema, composto por 22 estações, é uma importante alternativa de deslocamento para trabalhadores entre a capital e a região metropolitana.
De maneira reduzida e emergencial, a Trensurb anunciou a retomada da operação de trens a partir desta quinta-feira, das 8h às 18h, no trecho entre as estações Mathias Velho, em Canoas, e Novo Hamburgo. Os intervalos são de 35 minutos entre as viagens.
Serão 13 estações atendidas em cinco municípios (Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo) em um trajeto de 26 quilômetros. Porto Alegre não integra essa rota.
LEONARDO VIECELI / Folhapress