SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O porto temporário construído pelas Forças Armadas dos Estados Unidos na Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária ao território em guerra foi danificado devido ao mau tempo e ao mar agitado, de acordo com o Pentágono, e vai precisar passar por reparos.
Parte da estrutura foi removida e levada para Israel para conserto, e deve voltar a funcionar no meio da semana que vem, segundo um porta-voz. O governo do Chipre, de onde partem os suprimentos com destino ao porto temporário, disse nesta quinta-feira (30) que os carregamentos que já foram enviados podem ser depositados em um armazém flutuante enquanto aguardam que o píer volte a funcionar.
O Departamento de Defesa dos EUA previu que um fluxo constante de ajuda humanitária chegaria a Gaza pelo porto temporário, mas poucos carregamentos alcançaram seu destino final até agora. Os críticos citaram com desconfiança o alto custo da operação, US$ 320 milhões (equivalentes a R$ 1,6 bilhão), e a manutenção do apoio militar e financeiro dado por Washington à Israel.
Na terça-feira (28), os militares dos EUA foram forçados a interromper as entregas de ajuda à Faixa por via marítima devido a danos causados pelo mau tempo ao píer temporário. Segundo o Pentágono, após a conclusão dos reparos a intenção é ancorar novamente e reiniciar a ajuda humanitária.
O Comando Central dos EUA afirmou no sábado passado que quatro embarcações do Exército americano que estavam apoiando o píer se soltaram de suas atracações e encalharam em mares agitados. Duas delas chegaram à praia em Gaza, enquanto as outras foram parar na costa de Israel, 50 quilômetros ao sul de Tel Aviv.
A decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de ordenar a construção do porto temporário veio em meio a advertências da ONU sobre uma fome generalizada entre os 2,3 milhões de palestinos após quase cinco meses de combates entre as tropas israelenses e o Hamas.
Enquanto isso, segundo a agência Reuters, o exército israelense suspendeu a proibição de venda de alimentos para Gaza de Israel e da Cisjordânia ocupada, à medida que sua ofensiva no campo de batalha sufoca a ajuda internacional, de acordo com autoridades palestinas, empresários e trabalhadores de ajuda internacional.
“Israel telefonou para distribuidores de Gaza que estavam comprando mercadorias da Cisjordânia e de Israel antes da guerra”, disse Ayed Abu Ramadan, presidente da Câmara de Comércio de Gaza. “Disse a eles que estava pronto para coordenar a retirada de mercadorias.”
As autoridades militares deram luz verde aos comerciantes de Gaza para retomar suas compras de fornecedores israelenses e palestinos de alimentos como frutas frescas, legumes e laticínios neste mês, dias depois que as forças israelenses lançaram um ataque a Rafah.
O ataque mais recente atribuído a Israel, nesta quinta-feira (30), matou 12 palestinos civis, segundo médicos que trabalham em Rafah, enquanto combates continuavam em várias outras áreas da Faixa de Gaza. Até a tarde desta quinta, nenhuma autoridade israelense havia se manifestado sobre o episódio.
A ofensiva contra Rafah, uma porta de entrada importante para Gaza a partir do Egito, efetivamente interrompeu o fluxo de ajuda da ONU para o território palestino devastado. Israel está sob crescente pressão global para amenizar a crise, à medida que agências humanitárias alertam para a iminência da fome.
Grandes áreas de Gaza foram destruídas e a maioria da população foi deslocada por intensos bombardeios israelenses.
Segundo o Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, mais de 36 mil palestinos já foram mortos desde o início da ofensiva de Israel, em resposta aos atentado de 7 de Outubro. O Exército israelense contabiliza 292 militares mortos desde que suas forças entraram em Gaza, em 20 de outubro do ano passado.
Redação / Folhapress