SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma confusão entre entidades que representam os professores federais marca a greve da categoria por aumento salarial.
O Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) defende continuar a mobilização até que o governo Lula (PT) aceite dar um reajuste ainda neste ano.
Enquanto isso, a Proifes (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico) já assinou acordo com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e pede pelo retorno às aulas nas universidades.
O trato, porém, foi suspenso pela Justiça Federal nesta quarta-feira (29).
As partes possuem um longo histórico de embates desde o início dos anos 2000, e as discussões ficam mais ríspidas a cada confronto.
Ligada ao PT (Partido dos Trabalhadores), a Proifes foi fundada em 2004 por dissidentes do Andes. Ela é uma federação de vários sindicatos. Desde sua criação, a entidade foi responsável por assinar acordos para encerramento das grandes greves de professores federais –2008, 2012 e 2015.
Em todas as oportunidades, o Andes foi contra e acusou seu algoz de ser subserviente ao governo, praticando um “sindicalismo chapa branca”, discurso repetido neste ano.
Hoje, a Proifes representa 11 universidades e institutos federais, entre elas a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade Federal do Pará.
Por sua vez, o Andes é uma entidade mais antiga e abrangente. Foi criado em 1981, sendo o primeiro sindicato de professores federais no país.
Problemas na organização surgiram em 2004, quando ela se aproximou do Psol e, segundo críticos, passou a defender mais o embate virulento que a busca por direitos trabalhistas, além de servir como palanque para críticos ao petismo.
Foi naquele mesmo período a debandada de alguns membros para fundação do Proifes.
Hoje, o Andes representa mais de 60 universidades federais em todos os estados do país. Apesar de possuir muito mais associados em comparação ao Proifes, o governo os recebe em condições de igualdade a cada negociação, irritando o Andes.
JUSTIÇA BARRA ACORDO
Nesta quarta, a 3ª Vara Federal de Sergipe proibiu o governo de fechar acordo salarial apenas com a Proifes. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos havia anunciado, na segunda (27), um trato com o sindicato pelo fim da paralisação. O reajuste seria de 9% em janeiro de 2025 e de 3,5% em maio de 2026. Com a decisão, o arranjo está suspenso.
A ação foi movida pela Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe, um braço do Andes. Na decisão, o juiz Edmilson da Silva Pimenta diz que um acordo da gestão Lula (PT) com apenas uma entidade pode prejudicar os “direitos pleiteados pelo movimento paredista dos docentes que não são representados pela referida entidade”.
BRUNO LUCCA / Folhapress