Partido de Mandela perde 71 assentos no Parlamento e começa a negociar aliança

ÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os eleitores sul-africanos deram ao histórico partido de Nelson Mandela, dominante na cena política nos 30 anos desde o fim do apartheid, seu pior resultado nas urnas da história democrática da África do Sul.

De acordo com os resultados oficiais, divulgados neste domingo (2), o CNA (Congresso Nacional Africano) conquistou 40,1% do eleitorado, abaixo dos 50% necessários para garantir uma maioria e governar sem necessidade de coalizão. O CNA perdeu 71 assentos e deve ter 159 das 400 vagas do Legislativo.

Em seguida, o partido de centro-direita AD (Aliança Democrática), principal força de oposição e liderado por John Steeinhuisen, marcou 21,8%.Duas siglas populistas de esquerda que surgiram a partir de dissidências do CNA também tiveram resultados relevantes: o MK, do ex-presidente Jacob Zuma (2009-2018), conquistou 14,5% do eleitorado, e o Combatentes da Liberdade Econômica (CLE) teve 9,5%

Com esse resultado, o CNA terá de escolher um caminho para continuar governando: uma aliança com a AD, o que daria uma feição moderada e pró-mercado ao governo, ou fazer o movimento oposto, coligando-se com um dos partidos populistas de esquerda, o que deve descredibilizar o país, visto que tanto o MK quanto o CLE defendem a estatização de boa parte dos serviços e do setor de mineração, importante para a economia.

Qualquer um desses cenários terá o efeito de um terremoto político, com repercussões em toda a África. Não é comum, afinal, um partido de libertação nacional, como é o CNA, ser rechaçado dessa forma pelos eleitores no continente.

Ainda existe a possibilidade de que o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, permaneça no poder, mas o resultado eleitoral decepcionante pode forçar o líder a renunciar —uma possibilidade que a vice secretária-geral do CNA descartou em entrevista coletiva na noite de sexta-feira (31).

“Ninguém vai renunciar. Todos nós estamos seguros de que [Ramaphosa] precisa seguir no cargo de presidente do CNA”, disse Nomvula Mokonyane. “A liderança do partido vai se reunir, vamos consultar as bases. Por enquanto, essas conversas não começaram”.

Steenhuisen, por sua vez, disse que vai se encontrar com líderes da aliança de oposição que lidera, e não descartou uma coalizão com o CNA, apesar dos ataques feitos no período eleitoral. “A eleição aconteceu, agora vamos jogar com as cartas que os eleitores nos deram, e vamos analisar as opções”, afirmou à agência de notícias Reuters.

Redação / Folhapress

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