Biden diz que Netanyahu pode estar prolongando guerra por razões políticas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quase oito meses após o começo da guerra que devasta a Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pode estar protelando o fim do conflito por motivos políticos. Bibi, como o premiê é conhecido, responde a acusações de corrupção e, depois de deixar o poder, poderá ser condenado e até preso.

O comentário do líder americano foi feito em 28 de maio e divulgado nesta terça-feira (4) pela revista Time. A poucos meses das eleições para a Casa Branca, Biden vem pressionando Tel Aviv pelo estabelecimento de um cessar-fogo desde que denúncias contra supostos crimes cometidos por Israel ganharam força.

O presidente afirmou ser incerto se as forças israelenses cometeram crimes de guerra em Gaza. Também rejeitou as acusações de que Israel está usando a fome de civis como um método de pressão no conflito, mas disse acreditar, de forma genérica, que os “israelenses se envolveram em atividades inapropriadas”.

Biden disse ter alertado Tel Aviv a não repetir o mesmo erro que os EUA cometeram após os ataques de 11 de setembro de 2001. Segundo o democrata, as ações após os atentados terroristas em território americano levaram a “guerras sem fim”. “E eles [israelenses] estão cometendo esse erro”, disse.

Questionado se ele achava que Netanyahu estava prolongando a guerra por suas próprias razões políticas, Biden disse que “há todos os motivos para as pessoas chegarem a essa conclusão”.

Após a publicação da entrevista, David Mencer, porta-voz do governo israelense, afirmou que tais comentários estão “fora das normas diplomáticas de todos os países que pensam corretamente”.

Netanyahu está sendo julgado em Israel por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança. Antes da guerra em Gaza, o premiê foi alvo de uma onda de protestos após o avanço no Parlamento israelense de uma controversa reforma judicial que limita os poderes da Suprema Corte.

Segundo especialistas, a reforma poderia beneficiar Netanyahu nos processos criminais. O governo teria o aval, por exemplo, de substituir juízes e nomear aliados. Analistas também afirmam que Bibi pode utilizar a ameaça do projeto como moeda de barganha para negociar acordos com a Justiça.

No contexto da guerra na Faixa de Gaza, o procurador do TPI (Tribunal Penal Internacional) em Haia solicitou no mês passado mandados de prisão para Netanyahu e seu chefe de defesa, bem como para três líderes do Hamas, por supostos crimes de guerra.

Em seu pedido, o procurador Karim Khan acusa Netanyahu e o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, de “matar deliberadamente os civis de fome”, “homicídio doloso” e “extermínio e/ou assassinato” em Gaza.

O pedido precisa ser aprovado pelos juízes do tribunal com sede em Haia, e não há um prazo definido para a apreciação. Israel não é signatário do estatuto do TPI nem reconhece sua jurisdição em Gaza. Caso os mandados sejam emitidos, o premiê e o ministro poderiam ser presos se viajassem para um dos 124 países que aderiram à corte, como o Brasil e a maioria dos europeus, mas não os EUA, por exemplo.

Washington é o maior aliado de Tel Aviv. Apesar das declarações de Biden à revista Time, o governo americano fornece armamentos e dá suporte de inteligência para as forças israelenses.

Ainda nesta terça, Israel anunciou a assinatura de um acordo de US$ 3 bilhões (R$ 15,8 bilhões) com os EUA para a compra de mais 25 aviões F-35 fabricados pela companhia Lockheed Martin. As entregas estão previstas para acontecer a partir de 2028.

“Enquanto alguns de nossos adversários pretendem minar nossos vínculos com nosso o maior aliado, fortalecemos ainda mais nossa aliança”, disse em comunicado o ministro da Defesa, Yoav Gallant. “E isso é uma poderosa mensagem aos nossos inimigos.”

Israel é o único país do Oriente Médio que possui F-35, considerado o caça mais eficiente atualmente. O país recebeu as duas primeiras aeronaves em 2016 e, com as aquisições anunciadas nesta terça, passará a ter 75 unidades.

Brett McGur, enviado do governo Biden para o Oriente Médio, viajará a Israel nos próximos dias para pressionar Netanyahu por um acordo de cessar-fogo em troca de reféns em Gaza, disse uma autoridade dos EUA à agência de notícias Reuters. No domingo (2) um assessor do premiê israelense disse que o país havia aceitado os termos gerais do acordo para interromper a guerra.

O conflito em Gaza começou em outubro do ano passado, após o mega-ataque terrorista do Hamas que matou cerca de 1.200 pessoas de Israel. As respostas de Tel Aviv mataram mais de 36 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pela facção terrorista.

Redação / Folhapress

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