SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, 44, e o líder da oposição, Keir Starmer, 61, participaram nesta terça-feira (4) do primeiro debate na televisão antes das eleições legislativas, que serão realizadas em um mês. Atrás nas pesquisas de intenção de voto, o atual premiê partiu para o ataque contra o adversário, afirmando que ele não tem nenhum plano para o país além de aumentar os impostos.
“Anotem minhas palavras, os trabalhistas aumentarão seus impostos. [Isso] está no DNA deles. Seu trabalho, seu carro, sua aposentadoria, o que você quiser, os trabalhistas vão taxar”, disse Sunak, do Partido Conservador, descrevendo as políticas de seu adversário como incertas. “Além de aumentar os impostos e saquear as pensões, ninguém sabe o que os trabalhistas realmente fariam.”
Sunak enfatizou ter “um plano claro para um futuro mais seguro”, enquanto Starmer disse querer o apoio dos eleitores para mudar o país –o Partido Conservador está no poder há 14 anos.
“Imagine como você se sentiria ao acordar em 5 de julho e ver mais cinco anos de conservadores, mais cinco anos de declínio e divisão”, disse Starmer, o líder do Partido Trabalhista. “A escolha é clara: mais caos com os conservadores ou a chance de reconstruir o Reino Unido com os trabalhistas.”
A alta no custo de vida, as filas no serviço público de saúde e o combate à migração irregular foram outros temas discutidos pelos políticos. Para os conservadores, o encontro foi uma das últimas oportunidades para mudar as intenções de voto ou, pelo menos, diminuir a desvantagem apontada pelas pesquisas.
Nos levantamentos mais recentes, os trabalhistas tiveram quase 45% das intenções de voto, mais do que o dobro dos 20% registrados pelos conservadores. Políticos governistas vêm pressionando Starmer a participar de seis debates, o que seria um recorde –por ora, o opositor confirmou presença em dois.
A emissora pública BBC organizará o segundo debate entre Sunak e Starmer, em Nottingham, centro da Inglaterra, no próximo dia 26. Nesta terça, uma pesquisa do instituto YouGov apontou uma disputa parelha: Sunak foi apontado como vencedor por 51% dos entrevistados, enquanto Starmer ficou com 49%.
O atual premiê anunciou no último dia 22 que as próximas eleições legislativas do país serão realizadas daqui em 4 de julho. A data é anterior ao prazo final para a convocação do pleito, janeiro de 2025, bem como à época em que se esperava que ele ocorresse, entre setembro e novembro.
Especialistas afirmam que, com a decisão, o premiê busca capitalizar uma série de indicadores econômicos positivos antes que a situação se reverta. A inflação está em 2,3% anuais, valor um pouco acima da meta de 2% estabelecida pelo Banco da Inglaterra, o banco central britânico, e muito menor do que os 11,1% de quando o líder ascendeu ao poder, em outubro de 2022.
A economia cresceu 0,6%, e o FMI (Fundo Monetário Internacional) aumentou suas previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) britânico neste ano. E a nação enfim parece deixar para trás a crise do custo de vida provocada pelo início da Guerra da Ucrânia, dois anos atrás.
A mensagem de Sunak seria que a economia britânica está na trilha certa e que só seu partido é capaz de manter o Reino Unido nela. Mas os conservadores, desgastados após 14 anos no poder, ainda lidam com a ameaça que a candidatura de Nigel Farage, 60, representa.
Principal líder da campanha que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia em 2020, Farage anunciou nesta segunda (3) que vai concorrer a uma vaga no Parlamento nas eleições gerais. Segundo especialistas, o político pode dividir o voto da direita e piorar ainda mais o resultado eleitoral do partido de Sunak.
Farage vai liderar o partido de direita Reform UK, que tem marcado por volta de 10% nas pesquisas eleitorais, de acordo com a BBC.
Em uma aparente tentativa de reduzir a desvantagem, os conservadores parecem ter orientado sua campanha para posições ainda mais de direita, em particular sobre o tema da migração.
Starmer, por sua vez, levou os trabalhistas para correntes mais centristas depois de suceder, em 2020, o esquerdista Jeremy Corbyn, obrigado a deixar a liderança da legenda após sofrer uma derrota dura nas eleições do ano anterior.
Redação / Folhapress