SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após uma sessão de alívio na véspera, o dólar subiu 0,95% nesta terça-feira (4) e fechou o dia cotado a R$ 5,285, numa sessão marcada por forte recuo das commodities, que penalizou divisas de países exportadores, como o Brasil. Com o valor desta terça, a moeda americana atingiu seu maior nível ante o real desde março de 2023.
O minério de ferro atingiu seu menor nível em sete semanas por conta de sinais de enfraquecimento de demanda na China, o principal importador mundial da commodity.
Já o barril de petróleo Brent registrava queda de 1% no fim da tarde, registrado seu menor valor desde janeiro, após a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) ter sinalizado que vai retirar seus cortes na oferta a partir de outubro.
Incertezas sobre a economia dos Estados Unidos, que geram temores sobre o futuro da política de juros no país, também seguem pesando sobre o mercado e jogando contra o real.
Na Bolsa brasileira, o dia foi de recuo, justamente pela pressão de ações ligadas a commodities, em especial Vale e Petrobras, as duas de maior peso em sua composição.
Com isso, o Ibovespa caiu 0,19%, aos 121.802 pontos, segundo dados preliminares. Vale e Petrobras recuaram 1,01% e 1,11%, respectivamente.
O mercado repercutiu, ainda, o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) nacional do primeiro trimestre, que veio acima do esperado.
A economia brasileira mostra força num momento em que as apostas sobre os juros brasileiros seguem subindo. As curvas de juros futuros apontam para uma possível alta de 0,25 ponto na Selic (taxa básica de juros), e economistas consultados pelo boletim Focus, do Banco Central, aumentaram sua projeção para a taxa no fim deste ano.
Agora, investidores a divulgação de novos dados sobre o mercado de trabalho americano e a decisão de política monetária do BCE (Banco Central Europeu), que deve realizar um corte em suas taxas nesta semana.
O movimento de alta do dólar ante o real estava em linha com o desempenho da moeda americana em relação a outras divisas emergentes, também pressionadas pela queda das commodities.
A economia americana, no entanto, segue sendo o foco do mercado. Nesta semana, está prevista a divulgação de novos dados de emprego do país, que serão fundamentais para alinhar apostas sobre possíveis reduções de juros nos EUA.
A maior economia do planeta divulgará na sexta-feira o relatório de emprego fora do setor agrícola de maio.
Nesta terça, foi divulgado o relatório Jolts, que registra ofertas de trabalho nos EUA e mostrou queda na oferta de vagas no país em abril. Os números fracos, no entanto, não foram capazes de enfraquecer a moeda americana.
“A curva de juros americana e o S&P registraram quedas com dados de atividade mais fracos no resultado dos índices do mercado de trabalho, mas não o suficiente para conter o fluxo positivo do dólar, que continua atraindo capital com os juros futuros em patamares elevados”, afirma Jaqueline Kist, sócia da Matriz Capital.
A persistência de um mercado de trabalho bastante aquecido nos EUA tem deixado as autoridades do Federal Reserve com uma postura cautelosa em relação à trajetória da inflação de volta à sua meta de 2%, adiando o possível início de um ciclo de cortes nos juros.
Juros mais altos nos EUA jogam a favor do dólar, já que tornam os rendimentos norte-americanos mais atraentes para investidores estrangeiros.
No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta terça o desempenho do PIB, que subiu 0,8% no primeiro trimestre, acima da mediana das projeções do mercado.
“O pagamento dos precatórios e a nova política de valorização do salário mínimo em muito explicam essa dinâmica favorável da atividade econômica, em meio a um contexto de continuidade de mercado de trabalho pujante e aumento real dos salários. Esses fatores se sobressaíram à conjuntura de política monetária ainda apertada nos três primeiros meses do ano”, afirma César Garritano, economista-chefe da Somma Investimentos.
Redação / Folhapress