Brasileira ferida em bombardeio no Líbano é transferida para hospital em Beirute

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A brasileira ferida em um bombardeio no sul do Líbano no último sábado (1º), Fatima Boustani, foi transferida para um hospital na capital do país, Beirute, por volta do meio-dia local desta quarta-feira (5), afirmou seu tio, Jihad Azzam.

“Fátima está em boas condições hoje, graças a Deus. Ela foi transferida do hospital libanês-italiano em Tiro para o Hospital Zahra em Beirute. Tudo isso aconteceu em constante coordenação com o embaixador brasileiro no Líbano, que estava acompanhando tudo momento a momento”, disse ele.

Pouco antes do contato a reportagem, Azzam esteve no centro de saúde e conversou com Boustani, que estava “totalmente consciente”, segundo ele. O familiar diz que os médicos decidiram pela transferência, que aconteceu no final da tarde no horário do Brasil, para que ela recebesse um tratamento mais adequado.

Dois de seus filhos também foram atingidos pelos bombardeios. Zahraa, 10, passou por uma operação bem-sucedida na perna e chegou a ficar na UTI, mas agora está estável, embora continue hospitalizada na cidade de Tiro. Ali, 9, que havia sofrido ferimentos leves, foi liberado na segunda-feira (3).

No mesmo dia, Fatima já estava respirando sem ajuda de aparelhos e havia conversado com outras pessoas, de acordo com seu tio.

Boustani passou por uma cirurgia no próprio sábado (1º), quando teve um ferimento na cabeça após um bombardeio atingir a casa da família em Saddikine, cidade perto da fronteira com Israel e a cerca de 100 quilômetros de Beirute.

A região convive com troca de agressões entre Israel e Hezbollah desde o início da guerra entre Tel Aviv e Hamas na Faixa de Gaza –a facção palestina recebe ajuda do grupo extremista libanês. Os ataques na fronteira levantam preocupações sobre um possível alastramento do conflito pela região.

Segundo um balanço da agência de notícias AFP, cerca de 450 pessoas morreram no Líbano, incluindo 80 civis, desde o início da guerra. Do lado israelense, pelo menos 14 soldados e 11 civis morreram, de acordo com o Exército.

No sábado, Tel Aviv afirmou em nota que havia bombardeado mais de 40 alvos militares em território libanês nas 72 horas anteriores. Os locais, de acordo com o Exército, eram “infraestruturas onde operam terroristas do Hezbollah, bem como lançadores usados para atacar Israel”.

À AFP, uma pessoa do Comitê Islâmico de Saúde, vinculado ao Hezbollah, afirmou que 16 crianças entre 4 e 14 anos foram levadas ao hospital devido a ferimentos dos ataques aéreos. Já a agência oficial de imprensa do Líbano, a ANI, disse que um ataque israelense tinha deixado sete pessoas feridas em Siddikine.

As informações não puderam ser verificadas de forma independente, mas, nesta quarta, as Forças Armadas israelenses disseram à Folha de S.Paulo que abriram uma investigação para apurar um possível “mal funcionamento técnico” em uma ou mais bombas usadas na ofensiva daquele dia.

Saddikine fica em uma região a partir de onde o grupo extremista libanês tem realizado ataques contra cidades israelenses, usando mísseis e foguetes. Um deles provocou, na segunda, um incêndio que levou 48 horas para ser controlado e consumiu 15 km², obrigando o governo de Israel a remover 70 mil pessoas de sua faixa de fronteira.

DANIELA ARCANJO / Folhapress

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