SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) conseguiu 263 mil toneladas de arroz no leilão de cereal importado nesta manhã (6). Um volume que surpreendeu o mercado.
“Foi um sucesso contra a especulação”, diz Carlos Fávaro, ministro da Agricultura. Segundo ele, o governo nunca divergiu de que a safra brasileira fosse suficiente para o consumo interno, mas sabia que havia dificuldades logísticas para tirar o arroz do Rio Grande do Sul. Foram considerados todos os contrapontos das entidades do setor, afirma.
“O que aconteceu de fato? Houve uma especulação em cima da tragédia. Há um mês e meio, o arroz tipo 1, longo, fino, pacote de 5 quilos estava em torno de R$ 25 a R$ 27 no mercado brasileiro.” Após a tragédia do Rio Grande do Sul, subiu para R$ 35 a R$ 40. E a especulação não veio do produtor, afirma o ministro.
Quando o Brasil abre o mercado, sem impostos, o país consegue essas 263 mil toneladas a um preço variando de R$ 24,98 a R$ 25 por pacote de cinco quilos, afirma Fávaro. “Isso mostra qual é a realidade do mercado mundial de arroz, posto no Brasil, e tudo que passa disso é especulação, tudo é o lado perverso da tragédia”.
Para Fávaro, a judicialização do leilão por entidades do setor e por políticos foi “uma conspiração contra o povo brasileiro, uma vez que o arroz faz parte da alimentação básica.”
O ministro diz que o governo vai avaliar os reflexos da entrada desse cereal no país e, se necessário, fará novos leilões. Mas antes vai dar um tempo para ver como fica a situação no estado e incentivar mais os produtores locais.
“Antes de qualquer movimento de fazer leilão, nós conversamos com sindicatos rurais, Federarroz do Rio Grande do Sul, indústrias e cooperativas. Com a anuência, inclusive, para a retirada da TEC (Tarifa externa Comum) de 12%.”
O ministro diz que após quatro dias do primeiro edital, o arroz subiu 30%, o que obrigou o governo a suspender o leilão inicial de 100 mil toneladas.
A alta do arroz, após as enchentes, chegou à inflação. Os dados da pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostrou que, após oito quadrissemanas em queda, o cereal voltou a subir. A alta média foi de 0,72% em maio.
Como os dados da Fipe consideram sempre a média móvel de quatro semanas, em relação às quatro anteriores, o aumento no bolso do consumidor, na verdade, é superior a 0,72%.
Segundo o IGC (International Grains Council), a transação mundial de arroz será de 51,5 milhões de toneladas. A oferta mundial, considerando produção e estoques iniciais vindos de sobras do ano anterior, soma 691 milhões de toneladas. Neste mesmo período, o consumo será de 521 milhões.
O governo deverá liberar ainda hoje a origem das importações. Um analista do setor afirma que o produto mais próximo ao do Brasil é o da Tailândia. É preciso ficar atento, no entanto, se os países asiáticos vão cumprir o acordo de qualidade e de entrega, conforme o estipulado no leilão, afirma.
MAURO ZAFALON / Folhapress