SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS0 – A Justiça dos Estados Unidos determinou nesta quinta-feira (6) que Steve Bannon, 70, ex-estrategista de Donald Trump, deve se apresentar na prisão até 1º de julho para iniciar o cumprimento de sua pena por desacato ao Congresso. Assim, o americano, referência para setores da direita em vários países, deverá ficar detido em um período crítico da corrida à Casa Branca -a eleição está marcada para 5 de novembro.
Bannon foi condenado a 4 meses de prisão em outubro de 2022 após se recusar a entregar documentos e a depor à comissão da Câmara americana que investiga a invasão do Capitólio, ocorrida no ano anterior. O estrategista permaneceu em liberdade enquanto recorria da sentença.
Em 6 de janeiro de 2021, apoiadores de Trump, insuflados pelo republicano, invadiram o Congresso americano para tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden. Cinco pessoas morreram na ocasião.
Um comitê foi formado na Câmara por sete democratas e dois republicanos para apurar o episódio. Segundo as investigações, Bannon falou com Trump pelo menos duas vezes no dia anterior ao ataque e participou de uma reunião de planejamento em Washington. O painel chegou a exibir um vídeo no qual Bannon diz, em seu podcast, no dia 5 de janeiro de 2021, que “o inferno iria acontecer”.
O juiz Carl Nichols estabeleceu a data para a prisão depois que uma corte federal rejeitou, no mês passado, um recurso apresentado pela equipe do estrategista para anular a condenação. Do lado de fora do tribunal, Bannon disse ser alvo de uma acusação política e que pretende recorrer à Suprema Corte.
“Tudo isso tem a ver com uma coisa: acabar com o movimento Maga [“Make America Great Again”, slogan da campanha de Trump] “, disse Bannon, ecoando teorias conspiratórias exploradas pelo ex-presidente.
Bannon foi um dos principais conselheiros da campanha presidencial de Trump em 2016 e, no ano seguinte, atuou como seu estrategista-chefe na Casa Branca, até o republicano se irritar com ele devido a declarações dadas à imprensa.
O americano também desempenha papel de destaque em canais conservadores e criou um projeto chamado “O Movimento”, para unir líderes populistas de direita pelo mundo. No Brasil, ele é próximo da família Bolsonaro e chegou a nomear o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, como seu representante no país.
Bannon será o segundo ex-funcionário de alto escalão da Casa Branca durante o governo Trump a ir para a prisão por se recusar a cooperar com o comitê que investigou a invasão do Capitólio. Peter Navarro, ex-conselheiro comercial, está atualmente cumprindo uma pena de quatro meses.
Os advogados de Bannon pediram ao juiz Nichols que o mantivesse em liberdade sob o argumento de que ele ainda pode recorrer à Suprema Corte. Já o estrategista disse que foi aconselhado por seu advogado a não cumprir a intimação da Câmara e que, portanto, não teve a intenção de cometer um crime.
Mas Nichols disse que, após a decisão do tribunal contra o recurso, não havia mais justificativa para manter Bannon em liberdade. “Não posso mais concluir que seu recurso levanta questões substanciais de direito [que possam anular sua condenação]”, afirmou o juiz.
Este não é, porém, o processo mais grave que Bannon enfrenta. Ele foi preso em agosto de 2020 sob acusações de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração devido a irregularidades na arrecadação de recursos para construir o muro que separa EUA e México, bandeira de campanha de Trump.
Bannon pagou fiança de US$ 5 milhões e foi liberado em seguida, para responder em liberdade. Em 20 de janeiro de 2021, horas antes de passar o cargo de presidente para o democrata Joe Biden, Trump concedeu, durante a madrugada, perdão presidencial a Bannon e a outros 142 aliados
Já Trump se tornou na quinta (30) o primeiro ex-presidente condenado pela Justiça em uma ação criminal na história dos EUA. O júri avaliou que o empresário é culpado nas 34 acusações de falsificação de registros empresariais para encobrir pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels e, assim, evitar que ela divulgasse supostamente ter mantido relações sexuais com ele às vésperas da eleição de 2016.
Redação / Folhapress