SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Governo de São Paulo lançou nesta quinta-feira (6) o Fundo de Aval de Eficiência Energética (FAEE) para viabilizar projetos a pequenas e médias empresas. O investimento inicial será de 8 milhões de euros (cerca de R$ 46 milhões), captados junto à Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, em alemão).
Segundo a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado, Natália Resende, o fundo vai servir como garantia para que essas empresas –muitas vezes com dificuldade de acesso ao crédito– possam financiar projetos de redução de consumo de energia, modernização tecnológica e transição para fontes limpas de energia. O financiamento para a instalação de usinas fotovoltaicas também é uma das linhas previstas para o FAEE.
O fundo, disse Natália, é um importante passo para impulsionar a descarbonização almejada nos planos de ação climática e de energia do governo de São Paulo. “E vai tornar as pequenas e médias indústrias paulistas mais competitivas.”
A secretária afirmou que mais de 425 projetos já foram mapeados e vão estimular em torno de R$ 420 milhões em investimentos em eficiência energética viabilizados pela Desenvolve SP. O banco de fomento do estado oferecerá às empresas empréstimos com juros mais baixos pelo Programa PotencializEE, usando o fundo como garantia.
As empresas interessadas poderão apresentar os projetos por meio do site https://www.programa-potencializee.com.br/.
O diretor-presidente da Desenvolve SP, Ricardo Brito, disse que a linha vai conceder créditos de R$ 270 mil a até R$ 30 milhões por empresa. “Basicamente, [as empresas vão] investir em máquinas industriais de maior eficiência energética do que as que têm hoje. Hoje, a gente olha para a indústria de São Paulo, e a idade média das máquinas está em torno de 20 anos.”
Além de acesso ao crédito, as empresas que utilizarem o FAEE irão participar de ações de conscientização, capacitação e certificação de consultores pelo Senai-SP (serviço nacional de aprendizagem industrial do estado).
“O projeto vai beneficiar empresas que não estão elegíveis também. Porque a empresa pode, no fim das contas, não estar elegível com crédito, mas vai receber toda uma consultoria do Senai, de como é que no futuro ela pode ficar elegível”, disse Brito.
O governo de São Paulo tem como meta economizar mais de 7 TWh no consumo de energia até 2025 -o equivalente a mais do que o dobro do consumo de energia elétrica da cidade de Campinas. Com isso, espera-se mitigar a emissão de 1,1 milhão de toneladas de dióxido de carbono (CO?).
De acordo com a secretaria de Meio Ambiente, o plano é que o FAEE contribua para que o estado alcance a meta, ao facilitar financiamentos para sistemas de refrigeração, aquecimento e cogeração (produção simultânea de duas ou mais formas de energia a partir de um único combustível), além da avaliação de usabilidade de equipamentos e tecnologias eficientes como motores, bombas, ventiladores, ar comprimido e outros.
O governo estadual espera ainda que o FAEE possa ser utilizado em outros programas para contribuir com a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Martina Hackelberg, cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, afirmou que estão preparando para levar a iniciativa a outros estados brasileiros pela GIZ, que atua em mais de 120 países em desenvolvimento e mercados emergentes.
Para Marco Schiewe, diretor da GIZ, o envolvimento de pequenas e médias empresas no processo de descarbonização da economia é essencial para alcançar as metas climáticas. “Nós temos uma dificuldade no Brasil, e também em outros países, que nem sempre a eficiência energética é tão tangível como um painel fotovoltaico e como a energia eólica que todo mundo já conhece”, disse.
“Em nível global, 35% da redução de emissões têm que vir através da eficiência energética. E a gente está, infelizmente, ainda atrás, não só no Brasil, mas também em outros países”, afirmou o líder do PotencializEE.
ANA PAULA BRANCO / Folhapress