SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um homem de 77 anos morreu após ser atingido por um chute no peito, conhecido como voadora, dado pelo motorista de um veículo que ele tocou ao atravessar uma rua em Santos, no litoral sul de SP, na noite de sábado (8).
Cesar Finé Torresi estava de mãos dadas com o neto de 11 anos quando foi agredido por Tiago Gomes de Souza, 39, que dirigia um Jeep Commander pela rua Professor Pirajá da Silva, no bairro Aparecida.
Segundo relato do neto do jovem, corroborado por testemunha à polícia, eles atravessavam a rua entre os carros, pois o semáforo estava fechado. De forma repentina, o motorista do Jeep avançou com o automóvel sobre eles. Torresi então se apoiou no capô do carro.
Assim que avô e neto concluíram a travessia, de acordo com o relato, o condutor saiu do veículo e caminhou na direção deles. O homem então desferiu um chute no peito de Torresi, que caiu desacordado.
Pessoas que estavam no local acionaram o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a Polícia Militar. Enquanto Torresi era atendido na rua pelos socorristas, o agressor deixou o local. Segundo testemunhas, ele correu para um shopping próximo e acabou preso no interior do centro de compras.
O idoso chegou a ser encaminhado para a UPA Zona Leste, mas teve três paradas cardíacas, foi entubado e morreu.
O agressor foi preso em flagrante e ficou em silêncio durante o depoimento, conforme boletim de ocorrência. O documento da Polícia Civil menciona que o advogado Alberto Matheus Paz Gonzalez esteve na delegacia. O mesmo defensor consta no inquérito que tramita na Justiça. Por mensagem, Gonzalez afirmou à Folha que não atua mais no caso após decisão da família, que optou por outro defensor. A reportagem não conseguiu contato com o novo advogado até a publicação desta reportagem.
No domingo (9) a Justiça converteu a prisão de Souza de flagrante para preventiva, ou seja, sem prazo definido.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o caso foi registrado como lesão corporal seguida de morte na Central de Polícia Judiciária de Santos.
“DÓI NA GENTE”, DIZ FILHO
Saúde de um jovem de 20 anos com um corpinho de 77. Era assim que Torresi anunciava para a família os resultados depois de idas ao médico.
À Folha o primogênito do idoso, o comerciante Cesar Fine Torresi Filho, 43, relatou que seu pai não tinha nem colesterol alto. “Não parava quieto, sempre ligado no 220V. Era ligadão. É por isso que dói na gente”, diz.
Torresi produzia e vendia folhinhas de calendário e era muito conhecido na vizinhança. Ele foi sepultado na segunda (10), no cemitério Vila Curuçá, em Santo André (ABC), em uma cerimônia acompanhado por muitas pessoas, diz a filho.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress