Influencer fez curso de peeling de fenol após morte de paciente, diz farmacêutica; investigada nega

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A defesa da farmacêutica Daniele Stuart, que tem uma clínica de estética em Curitiba e é responsável pelo curso online sobre peeling de fenol realizado por Natalia Fabiana de Freitas Antonio, 29, afirma que a influencer fez o curso cinco dias após o procedimento que causou a morte de Henrique da Silva Chagas, 27. O empresário morreu no dia 3 de junho na clínica de Natalia Becker, como ela é conhecida.

“São seis horas [de curso]. Ela não aplicou os conceitos e protocolos ensinados pela doutora Daniele porque ela fez o curso no dia 8”, disse o advogado Jeffrey Chiquini, em entrevista coletiva.

A defesa de Natalia Becker nega e afirma que ela fez o curso em junho do ano passado. De acordo com a advogada Tatiane Forte, que representa a influenciadora, apenas o certificado do curso foi impresso no último dia 5 de junho -data em que Natalia se apresentou à polícia e prestou depoimento.

“Daniela Stuart e seu advogado promoveram alegações inverídicas e acusações precipitadas sem, ao menos, analisar o próprio impresso apresentado. Está claro que a data apontada refere-se, apenas, à data do último acesso à plataforma, e não da realização ou da conclusão do curso. O certificado de conclusão de Natália apresenta o dia 05/06/2024 apenas como data da impressão do documento”, afirmou Forte, em nota.

Em entrevista coletiva nesta terça (11), Chiquini disse ainda que o curso oferecido por Stuart é “exclusivamente conceitual” e não tem caráter profissionalizante.

“Nada mais é do que um livro em formato de curso, que a agente chama de videobook. É um curso exclusivamente conceitual. Ele não é um curso profissionalizante. Ele é permitido pela legislação”, afirmou.

“A doutora Daniele é habilitada para atuar na área, ela é especialista na área. É muito injusto, irresponsável, precipitado, tentar vincular a imagem da doutora Daniele com este caso. Não há nexo causal algum entre o curso e a morte daquela vítima. É uma profissional habilitada para fornecer esse curso conceitual.”

A advogada de Natalia Becker também diz não concordar com a afirmação de que o curso seja apenas conceitual.

“Em restituição da verdade, no curso de Daniela Stuart foi ministrado e informado o tratamento propriamente dito, protocolos, métodos, os produtos a serem utilizados, onde adquiri-los, riscos e intercorrências, não sendo abordado ou sinalizado, em momento algum, risco à saúde ou à vida. Em complemento, se existia alguma vedação, houve relevante omissão de Daniela Stuart”, destacou a nota da advogada.

Segundo ela, vídeos do curso foram excluídos da plataforma pela farmacêutica para “omissão de informações”. “Todos os esforços empreendidos por Daniela Stuart limitaram-se à precipitada tentativa de sua não responsabilização sobre o curso que ministrou”, acrescentou.

Em uma publicação em sua rede social, a farmacêutica afirma que Natalia Becker não seguiu o que é ensinado no curso.

“Aqui uma foto da minha paciente retirada da videoaula em qual eu demonstro aplicação do peeling. Uma pele íntegra, aplicação [feita] com um cotonete, uma pequena quantidade para que não tenha risco nesse paciente. Diferente de Natalia, onde foi veiculado na mídia foto [da vítima] minutos antes da aplicação do fenol, onde ela faz a preparação da pele com esfoliação, lesionando, o que aumenta ainda ainda mais a absorção do fenol, que é cardiotóxico e hepatotóxico”, diz Stuart em um vídeo.

A Polícia Civil de São Paulo afirmou na segunda (10) que vai encaminhar trechos do inquérito para investigadores da Polícia Civil do Paraná. A ideia é que isso ajude a apurar a conduta da farmacêutica responsável pelo curso online de peeling de fenol.

Natalia Becker é investigada por homicídio com dolo eventual, ou seja, para polícia ela assumiu o risco pela morte de Chagas ao não possuir formação técnica para a realização de procedimento.

Em seu depoimento no dia 5, a influenciadora afirmou ter feito o curso com uma apostila online chamada N. Face, produzida por Stuart.

“Enviaremos as peças do nosso inquérito policial para Polícia Civil paranaense investigar a conduta da farmacêutica no que se refere aos cursos que ela ministra pela plataforma online”, disse o delegado Eduardo Luiz Ferreira, titular do 27° (Campo Belo), responsável pela investigação da morte de Chagas.

FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress

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