WASHINGTON, None (FOLHAPRESS) – As campanhas de Joe Biden e Donald Trump vão a campo nesta quinta-feira (13) atrás do apoio de um eleitor específico: o PIB americano.
Enquanto a secretária do Tesouro, Janet Yellen, vai defender a agenda econômica democrata para empresários no Clube Econômico de Nova York, Trump participará de uma mesa redonda com CEOs de grandes negócios do país em Washington.
Biden também foi convidado para o evento na capital americana, mas, como estará na reunião do G7 na Itália, seu chefe de gabinete, Jeff Zients, representará o candidato.
O embate deve ser travado em torno de um ponto específico: tributação corporativa.
No final do próximo ano, parte do grande pacote de corte de impostos implementado pelo governo Trump em 2017 vai expirar. Entre outras mudanças, a legislação reduziu o imposto sobre rendimento de empresas de 35% para 21%.
Essa medida não está entre as que perdem validade em 2025, mas as chances de escapar da longa batalha entre Congresso e Casa Branca sobre a renovação do pacote são mínimas.
As linhas já estão mais ou menos definidas. Biden defende manter apenas as reduções para famílias com rendimentos inferiores a US$ 400 mil ao ano, deixando expirar as medidas voltadas para rendas maiores e empresas. Em discursos tipicamente eleitorais, o democrata acusa o adversário de se preocupar apenas com dar dinheiro para os mais ricos.
O atual governo também propôs elevar a tributação corporativa para 28% e implementar uma alíquota de 25% sobre os rendimentos de bilionários.
Na direção oposta, Trump promete adotar cortes ainda maiores caso seja eleito e reverter regulações feitas pelo governo atual, sobretudo na área ambiental. “Em vez de um aumento de impostos à lá Biden, eu vou ter dar um grande corte de impostos para classe média, classe alta, classe baixa, classe empresarial à lá Trump”, afirmou o republicano em um comício recente em Nova Jersey.
O empresário também não tem se preocupado em ser discreto nas promessas a CEOs ele chegou a pressionar executivos do setor de petróleo e gás a levantarem US$ 1 bilhão para sua campanha, oferecendo em troca desmontar a agenda climática democrata.
Encarregada de dar uma resposta, Yellen deve argumentar que cortes de tributos não são a forma mais eficiente de impulsionar a economia, segundo uma prévia do discurso obtida pelo portal Axios. A secretária do Tesouro também deve defender a estratégia do atual governo de gastos públicos para incentivar o investimento privado relembrando os bilhões oferecidos pela Lei para Infraestrutura e a Lei de Redução da Inflação.
O evento desta quinta é uma demonstração da postura política mais ativa de Yellen neste ano, conforme o pleito em que a economia é um tema central se aproxima, em novembro. No mês passado, por exemplo, ela alertou que a “fragilização da democracia prejudica a fundação de um crescimento sustentável e inclusivo”.
O movimento também ocorre em paralelo à reaproximação pública de parte do empresariado e Trump. Nomes que se afastaram do ex-presidente após os ataques do 6 de Janeiro, e que chegaram a apoiar outros candidatos nas primárias republicanas, têm sinalizado apoio ao candidato.
O exemplo mais recente é Steve Schwarzman, CEO da Blackstone, que justificou o endosso a Trump como “um voto pela mudança”. Antes das primárias, o executivo havia feito um apelo por “uma nova geração de líderes”.
O bilionário Bill Ackman, que em abril disse que “Donald Trump gera instabilidade, digamos assim”, deve apoiar o ex-presidente, segundo o Financial Times. O também investidor Nelson Peltz, que já declarou ter se arrependido de votar no republicano, o recebeu em sua mansão em março.
Enquanto o adversário acumula apoio empresarial, Biden com frequência mira a categoria em seus discursos, acusando-os de serem responsáveis por parte da alta de preços por ganância e oportunismo. A inflação, que disparou cerca de 20% nos últimos quatro anos, é uma das principais fragilidades do atual presidente perante o grosso do eleitorado, que sente o problema no bolso.
FERNANDA PERRIN / Folhapress