SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira segue perdendo recursos do exterior. Apenas na última quarta-feira (12), quando o desconforto fiscal derrubou o Ibovespa e fez o dólar bater R$ 5,40, os investidores estrangeiros sacaram R$ 3,08 bilhões da B3. No acumulado do mês de junho, houve saída de R$ 7,22 bilhões até o dia 12, último dado disponível.
O gatilho para a queda do mercado na quarta foi um discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que falou em equilíbrio das contas públicas com um aumento da arrecadação, sem mencionar cortes de gastos, aumentando a desconfiança do mercado sobre o compromisso do governo com o ajuste fiscal.
Além disso, houve a percepção de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estaria enfraquecido dentro do Executivo, em especial após derrotas envolvendo a pauta econômica no Congresso Nacional.
Como resultado, a Bolsa caiu 1,39% e o dólar fechou cotado a R$ 5,405.
saída de recursos estrangeiros da Bolsa na última quarta-feira foi a terceira maior no ano.
O dia de maior sangria de recursos do exterior em 2024 foi 19 de janeiro, quando os estrangeiros retiraram R$ 3,45 bilhões em recursos no mercado secundário da Bolsa brasileira, em meio a reajustes nas expectativas sobre o início de cortes de juros nos Estados Unidos.
Na ocasião, o mercado havia começado o ano com prevendo que a primeira redução nas taxas americanas ocorreria em março, mas dados divulgados ao longo do mês de janeiro adiaram as apostas. Os juros americanos seguem inalterados, e os mais otimistas agora esperam que o primeiro corte ocorra só em setembro.
Outra sessão de sangria ocorreu em 17 de abril, quando os não residentes sacaram R$ 3,31 bilhões da B3 após o governo ter alterado para zero a meta de superávit primário para 2025, pondo em xeque a credibilidade do arcabouço fiscal.
O risco fiscal continua sendo o principal fator para a saída de recursos estrangeiros, que já somam R$ 43,11 bilhões neste ano até o dia 12 de junho.
Após o desconforto fiscal nesta semana, Haddad ganhou afagos de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e se posicionou sobre a agenda de revisão de gastos.
Na quinta (13), o ministro fez uma declaração ao lado da ministra Simone Tebet (Planejamento) depois de uma reunião da equipe econômica na sede da Fazenda. Ele disse que pediu ao grupo um ritmo mais intenso de trabalhos na discussão sobre a agenda de corte de gastos e que o governo construirá um extenso cardápio de alternativas.
“Começamos aqui a discutir 2025, a agenda de gastos. O que a gente pediu foi uma intensificação dos trabalhos, para que até o final de junho nós possamos ter clareza do Orçamento de 2025, estruturalmente bem montado, para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do país”, afirmou o ministro.
As declarações deram alívio momentâneo ao mercado, fazendo o dólar cair. Nesta sexta, no entanto, a moeda americana voltou a subir ante o real, acompanhando uma tendência global de valorização da divisa.
Redação / Folhapress