SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As fortes chuvas do final de semana no Rio Grande do Sul provocaram o desabamento do salão da Gruta Nossa Senhora de Lourdes, um ponto de peregrinação de romeiros em Dom Pedro de Alcântara, município localizado no litoral norte do estado.
O salão desabou no domingo (16) à tarde após um deslizamento de terra. Duas pessoas sofreram ferimentos leves. Fiéis que assistiam a uma missa no local conseguiram sair antes do desabamento.
A área foi isolada e seguranças impedem a aproximação de pessoas, pois o local é considerado área de risco. Uma avaliação detalhada deve ser realizada nesta segunda-feira (17) para que sejam determinadas medidas em relação ao que sobrou do salão.
Segundo informações do santuário, o desabamento ocorreu por volta das 16h, pouco antes do início de uma missa. Vinte pessoas estavam reunidas e a celebração foi cancelada quando os religiosos perceberam os primeiros sinais de deslizamento de terra.
No momento em que as pessoas saíam do local, uma parte da parede cedeu. Alguns dos presentes precisaram pular uma janela do salão para escapar.
Três carros foram atingidos pelo desabamento do telhado e de outras estruturas do salão.
“Na hora entramos em choque vendo o deslizamento e as pessoas que ficaram presas na janela. Foi uma loucura”, disse o conselheiro tutelar José Ailson Evaldt Hendler Júnior, que estava no santuário.
Após ajudar duas pessoas que estavam em um dos carros atingidos, ele e os outros fiéis foram para um local mais seguro, com medo de o morro inteiro deslizar.
A gruta foi inaugurada em fevereiro de 1950 como ponto de celebrações religiosas. Escavada pela ação do vento e das ondas do mar nas pedras, fica em uma colina de 50 metros de altura. Religiosos sobem 117 degraus para visitar uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes que fica no local.
Realizada anualmente no último domingo de maio, a romaria para a gruta reúne por volta de 15 mil pessoas.
MICROEXPLOSÃO
Na noite de sábado (15), uma tempestade provocou estragos em São Luiz Gonzaga, na região noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo a prefeitura, ao menos 1.200 casas foram destelhadas ou sofreram algum tipo de dano, o que afetou cerca de 15 mil pessoas. Quatrocentos moradores estão desalojados e a prefeitura decretou situação de emergência.
Também foram atingidas escolas, unidades de saúde e empresas, além do Museu Arqueológico do município. Houve queda de postes da rede de energia elétrica e de árvores em várias ruas.
Municípios da região das Missões, onde fica São Luiz Gonzaga, estão ajudando os moradores da cidade. Veículos e máquinas serão enviados para ajudar na limpeza das áreas afetadas. O município recebeu 300 cestas básicas e 60 colchões da Defesa Civil.
A tempestade teve cerca de 15 segundos intensos de queda de granizo, ventos fortes e chuva torrencial, em um fenômeno conhecido como microexplosão, que ocorre quando as nuvens não suportam mais o volume de água e despejam tudo em direção ao solo.
O governador Eduardo Leite (PSDB) afirmou que a Defesa Civil do Estado acompanha a situação desde a madrugada de domingo e ofereceu suporte com lonas e materiais para evitar que mais estragos ocorram nas residências atingidas.
O Rio Grande do Sul tenta se recuperar das enchentes de proporções históricas que devastaram municípios em maio. Segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil, 176 pessoas morreram e 39 ainda estão desaparecidas. Há 422.753 pessoas desalojadas e 10.793 em abrigos.
Neste domingo, a Defesa Civil alertou para a possibilidade de inundação dos rios dos Sinos, Caí, Paranhana e Taquari.
CRISTINA CAMARGO / Folhapress