SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Chico Buarque, que completa 80 anos nesta quarta-feira, ficou conhecido antes de tudo como cantor e compositor, mas nas últimas décadas tem se dedicado cada vez mais à escrita de livros.
Não é um trabalho displicente: com seu projeto literário, o autor angariou prêmios como o Jabuti e o Oceanos. Há três anos, também venceu o Camões, maior distinção mundial para literatura feita em língua portuguesa num reconhecimento que compreende também seu trabalho compondo canções.
O escritor, aliás, prepara o lançamento de “Bambino a Roma”, livro em que deve abordar sua infância na Itália, para agosto pela Companhia das Letras, casa de toda a sua obra literária.
Para quem quer se iniciar no lado escritor de Chico, a Folha tem cinco indicações.
ESTORVO (1991)
O livro de estreia do autor é uma exploração de verve mais experimental sobre um narrador atormentado pelo passado e atordoado por situações confusas. De cara, Chico já recebeu o prêmio Jabuti de melhor romance.
BUDAPESTE (2003)
A narrativa em que o autor melhor decanta seu estilo literário conta a história de um ghost-writer que visita a Hungria e se apaixona tanto por uma mulher quanto pelas traduções de seus escritos, se tornando cada vez mais um duplo numa exploração sofisticada sobre autoria, linguagem e identidade.
LEITE DERRAMADO (2009)
Provavelmente a obra mais ambiciosa do autor em termos de escopo, parte de um narrador centenário que conta sua vida e seus arrependimentos enquanto compõe um panorama de décadas de formação do Brasil. Foi um dos vencedores do Jabuti de 2010.
O IRMÃO ALEMÃO (2014)
O primeiro exercício robusto de autoficção de Chico, digamos assim que deve ter novo capítulo com “Bambino a Roma” se baseia na história real de quando o autor descobriu, já mais velho, que seu pai teve um filho em outro país.
ANOS DE CHUMBO (2021)
Uma maneira mais leve de se aproximar da literatura buarquiana pode ser pelo único livro de contos que publicou até agora, com muitas histórias saborosas como a de um escritor que perde o passaporte num aeroporto e de um jovem cantor que se encanta ao conhecer Clarice Lispector.
WALTER PORTO / Folhapress