SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os sinistros acionados no Rio Grande do Sul devido às enchentes no estado somam um impacto estimado em R$ 3,886 bilhões, afirma a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras). O número é fruto de 48.870 pedidos de indenizações entre 28 de abril e esta terça, 18 de junho, e representa um salto de 132% em relação ao último panorama, de 23 maio.
De acordo com Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, o número final será maior, pois, até o momento ainda há clientes que não acionaram seus seguros e muitas visitas técnicas ainda não foram feitas.
“Esse número não é final. Até porque voltou a chover e o [rio] Guaíba voltou a subir”, disse Oliveira em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira (19).
Apesar de ser a maior indenização de um único evento que o setor já enfrentou no país, as companhias estão financeiramente preparadas, diz Oliveira.
Além das reservas técnicas obrigatórias, elas têm ativos financeiros próprios e resseguros, segundo ele. “São valores perfeitamente cabíveis.”
Segundo a Defesa Civil do RS, o número de mortos pela tragédia chegou a 177 nesta terça. Os desaparecidos somam 37. Outros 806 estão feridos. Foram 478 municípios e 2,4 milhões de pessoas afetadas. As desalojadas totalizam 388.781.
“Esse evento no RS é um grande alerta para governantes de que os impactos [das mudanças climáticas] podem ser muito grandes na infraestrutura pública e os orçamentos disponíveis podem não ser o suficiente para repô-la na velocidade adequada”, afirma o presidente da CNseg.
Seguros de infraestrutura estão sob o segmento que teve o maior impacto em termos de custo. A área “grandes riscos”, que são apólices patrimoniais para empresas, instituições ou coletividades, que garantem a integridade de imóveis e seus conteúdos, como máquinas, móveis, utensílios, mercadorias e matérias-primas, contabiliza 599 pedidos de indenização acionados, com custo de R$ 1,3 bilhão.
Já a categoria automóvel, a mais popular seguro entre os brasileiros com 30% de cobertura nacional, somou 19 mil sinistros acionados e um impacto estimado em R$ 1,277 bilhão.
De acordo com Oliveira, a maior parte dos veículos afetados pelas enchentes estavam estacionados, o que reduziu o impacto à estrutura do carro. “Grande parte desses veículos pode ser recuperada.”
Porém, o maior número de sinistros acionados é no segmento residencial/habitacional, com 22.673 ocorrências, e valor estimado em R$ 525 milhões.
JÚLIA MOURA / Folhapress