SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Festival Literário Internacional de Araxá, que acontece desta quarta até domingo, dia 23, leva como tema “Memória, Literatura e Diversidade” -e o leva a sério, com uma divisão igualitária e inédita de gênero e raça entre os 84 convidados.
“Tentamos fazer um festival com equidade social, pelo menos nos números. Sei que falta muito, mas conseguimos cravar em 25% a participação de mulheres e homens, brancos e negros”, diz Afonso Borges, criador e curador do evento. “Parece fácil, mas não é. A supremacia branca na literatura é tão hipnótica que somente há poucos anos o Brasil descobriu um Machado de Assis negro”.
A 12ª edição do Fliaraxá leva essa proposta de diversidade também na escolha de suas autoras homenageadas, a escritora Djamila Ribeiro, colunista deste jornal, e a atriz Bruna Lombardi, uma mulher negra e uma mulher branca. As duas amigas farão a mesa principal no sábado, dia 22.
Além delas, o evento também celebra a mineira Conceição Evaristo e traz três atrações internacionais: a cubana Teresa Cárdenas, o português Afonso Cruz e a francesa Hannelore Cayre, autora de “A Patroa”.
Outro mineiro celebrado nesta edição será Ziraldo, que morreu em abril deste ano. O escritor e cartunista, que foi também homenageado no primeiro Fliaraxá, é o patrono da edição de 2024 e terá um prêmio especial de redação e de desenho inspirado em sua obra.
A proposta do prêmio é estimular a criação literária e artística de jovens e crianças e revelar novos talentos a partir de fanfics -histórias criadas por fãs a partir de conteúdos de que gostam, como filmes, livros, personagens, videogames, celebridades etc.
Neste ano, pela primeira vez, o prêmio tem uma categoria voltada para estudantes com deficiência; “Nosso desafio é trabalhar com a comunidade da cidade, promovendo cada vez mais inclusão”, afirma o curador.
“A cada festival, mais desafios se colocam à nossa frente, tendo os anteriores como uma espécie de bula. Temos que ser mais antirracistas, mais democráticos, mais éticos, mais artísticos, educacionais”, completa Borges.
Esse é o primeiro festival literário de 2024 entre o amplo calendário que Afonso Borges organiza em Minas Gerais. “Os demais, Fliparacatu e Flitabira, têm muito do que já foi feito em Araxá”, conta ele. “Seria muito legal que algumas tendências dos nossos festivais sejam espalhadas: integração com a comunidade, foco nas minorias, ações educativas para crianças e jovens.”
Todas as atividades do Fliaraxá serão gratuitas, abertas ao público e transmitidas pelo YouTube no canal @fliaraxa. “Nossa mensagem é a de sempre: respeito ao autor brasileiro e à literatura brasileira”, afirma o curador.
ISADORA LAVIOLA / Folhapress