Veja o que fazer com os investimentos com a Selic a 10,50%

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a manutenção da Selic a 10,50%, os produtos de renda fixa isentos de Imposto de Renda ficam entre os mais rentáveis disponíveis no momento, aponta levantamento do C6 Bank.

Nesta categoria, debêntures incentivadas e letras de crédito imobiliário e do agronegócio e (LCA e LCI), com rentabilidade de 95% do CDI, chegam a um ganho anual líquido de 10,46%. Considerando a inflação projetada, isso equivale a um ganho real de 6,62%.

Pela isenção de IR, esses produtos superam os títulos de Tesouro Selic, que acompanham a taxa básica de juros. O título de vencimento em 2027, por exemplo, tem uma rentabilidade líquida real (considerando imposto e inflação) anual, projetada em 5,23%.

Ficam acima desse ganho os produtos com a rentabilidade acima de 100% do CDI, como CDBs de bancos pequenos, e os títulos prefixados com juro acima de 11% ao ano. O retorno mais alto é em função de um risco maior, pois geralmente são títulos com vencimento acima de dois anos e emissores com mais chances de calote que os grandes bancos.

Para esse tipo de investimento, o ideal é respeitar o limite de cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), de R$ 250 mil por CPF e por emissor.

“Apesar das taxas prefixadas estarem mais altas, esses produtos são mais arriscados do que os pós-fixados, que são aqueles atrelados ao CDI ou a Selic. Então, para um investidor mais conservador, a recomendação continua sendo grande parte da carteira em pós-fixados”, diz Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank.

Um CDB a 108% do CDI, por exemplo, tem uma rentabilidade real líquida projetada em 5,99%.

Já os títulos do tesouro IPCA+, que pagam um juro prefixado somado à inflação do período, tem um retorno líquido real abaixo de 5%.

“O importante é diversificação, pois cada indexador vai se beneficiar em um cenário diferente. Caso a inflação saia do controle, o título prefixado pode não ser um bom negócio”, afirma Haddad.

Apesar da vantagem da isenção de IR, ela não deve ser a única característica levada em conta na hora de investir.

“Olhamos mais a qualidade da empresa do que se é um investimento isento de IR”, diz Caio Tonet, diretor de operações da W1 Capital.

O gestor recomenda o investimento em debêntures de grandes empresas brasileiras, como Petrobras, Vale e Suzano, por serem mais seguras.

“Empresas muito endividadas podem começar a ter dificuldade [com a manutenção da Selic em 10,5%], então é importante focar as boas pagadoras, e não investir em qualquer uma do mercado”, diz Tonet.

Já Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital, afirma que a maioria das debêntures estão sem um retorno atrativo, com um juro semelhante ao de títulos do Tesouro, “mas pessoas compram pela isenção de IR”.

Para otimizar o retorno, Portella recomenda que o investidor compre fundos de renda fixa de gestão ativa, que ganham dinheiro operando em diversos tipos de produtos nessa seara.

Outra recomendação do gestor são os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os treasuries, que pagam em torno de 5% ao ano, especialmente agora, antes que o Federal Reserve (banco central dos EUA) comece a baixar os juros, algo que ele prevê para setembro.

“Mas não adianta ficar só em renda fixa e esperar o Fed cortar juros para ir para a renda variável”, diz Portella, que indica ações de bancos e infraestrutura com histórico de pagamento de dividendos.

Tonet, da W1, indica estratégia semelhante. “Agora, o ideal é focar qualidade e não crescimento, priorizando empresas que pagam dividendos e têm um caixa redondo, como as dos setores financeiro, de geração de energia, e exportadoras.”

JÚLIA MOURA / Folhapress

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