SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ação de criminosos no entorno da estação Paraíso do metrô, que abrange as linhas 1-azul e 2-verde, na zona sul de São Paulo, tem alterado a rotina de quem necessita passar pela região.
Com medo da violência, pais de alunos de um tradicional colégio no bairro criaram grupos em aplicativos de mensagem onde se comunicam e monitoram os passos dos filhos. Um hospital reforçou a segurança e possui uma equipe de escolta para proteger funcionários.
Uma vítima recente desses criminosos foi um estudante de 17 anos atacado no interior da estação, na tarde de 23 de maio.
O jovem, que está matriculado em um colégio particular, já havia passado da catraca e seguia para embarcar em um trem quando foi abordado.
Conforme registrado no boletim de ocorrência, o ladrão ergueu o blusão de moletom que usava para mostrar ao adolescente que estava armado e exigiu dinheiro.
A vítima respondeu que não carregava nenhuma quantia nos bolsos. O criminoso então exigiu que o estudante fizesse um Pix de R$ 500. Intimidado e se sentindo acuado, o jovem fez a transferência e foi liberado pelo ladrão. O valor foi depositado na conta de uma mulher.
A reportagem conversou com a mãe do estudante, uma fonoaudióloga de 53 anos, que pediu para não ser identificada. Ela disse ser revoltante o fato de que dentro de uma estação de metrô, local que deveria ser seguro, os usuários estejam largados à própria sorte.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirma que a Polícia Civil investiga o roubo contra o adolescente, por meio da Delegacia do Metropolitano. “As equipes da unidade realizam diligências visando à identificação do criminoso e do destinatário do valor transferido.”
Procurado, o Metrô afirmou reforçar a infraestrutura de segurança na estação Paraíso, com medidas que incluem ampliação e reposicionamento de câmeras do circuito interno, que também passarão a contar com recursos de inteligência artificial, visando respostas rápidas. Outra medida envolve a atuação de policiais militares por meio da Atividade Delegada, em que atuam nas horas de folga recebendo um valor extra.
Do lado de fora da estação os crimes também assustam. O cenário fez com o que o Hcor tomasse medidas contra os crimes “de ocasião”.
“Para ajudá-los a ter mais segurança fora do hospital, o Hcor conta com a operação sentinela, em que agentes acompanham os colaboradores no horário de almoço e nas saídas noturnas até o metrô”, disse o hospital, em nota.
“Os colaboradores possuem, ainda, uma linha direta com a central de segurança. Qualquer atitude suspeita pode ser denunciada e será imediatamente investigada, já que possui uma equipe de pronta-resposta”, acrescentou.
O Hcor disse também atuar em parceria com a Polícia Militar e com diversos outros hospitais da região do Paraíso. E afirmou que as medidas têm dado resultado. “No último mês não foi registrada nenhuma ocorrência entre os colaboradores.”
A reportagem procurou escolas e outros hospitais da região, que preferiram não se manifestar.
De acordo com a SSP, a PM faz policiamento preventivo nos corredores e imediações das estações de metrô e terminais de ônibus, locais com grande circulação de pessoas. A pasta afirma que, de janeiro a abril de 2024, a área da 2ª Delegacia Seccional (Sul) registrou queda de 2% nos roubos em geral, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Ainda segundo a SSP, 1.260 infratores foram presos ou apreendidos na região nos primeiros quatro meses deste ano.
PAULO EDUARDO DIAS / Folhapress