SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A lista de convocados da Itália para a Eurocopa 2024 trouxe um nome que causou surpresa: Nicolò Fagioli, meio-campista da Juventus.
Fagioli, 23, foi multado e suspenso em outubro do ano passado e ficou ausente dos gramados por sete meses. O meia foi punido no escândalo de apostas ilegais envolvendo jogadores na Itália.
Ele violou o artigo 24 do código de justiça desportiva do país, que proíbe atletas de apostarem em jogos organizados pela federação italiana, Uefa e Fifa.
A pena inicial previa um gancho de 12 meses, mas foi reduzida para sete após o jogador colaborar com as investigações e aceitar participar de um programa de luta contra o vício em jogos de azar com a participação em palestras públicas em clubes amadores e tratamento terapêutico.
Tudo começou apostando em partidas de tênis. Logo, como uma “forma de matar o tédio”, Fagioli passou a apostar todos os dias em diferentes competições esportivas ao redor do mundo. Não houve indícios de que ele tenha apostado em partidas do próprio clube durante as investigações do Ministério Público Federal Italiano.
Segundo a imprensa italiana, Fagioli acumulou uma dívida de 3 milhões de euros (cerca de R$ 16 milhões à época) com apostas em plataformas ilegais. O atleta também foi ameaçado de violência física: “Ou você paga, ou vamos quebrar as suas pernas”.
“O jogo consumiu a minha vida, perdi muito dinheiro. O problema é que já não conseguia me controlar. Era uma obsessão. Um pesadelo”, disse Fagioli, em entrevista à La Gazzetta dello Sport.
Outra promessa italiana foi punida nas investigações: Sandro Tonali. O jogador do Newcastle recebeu uma punição de 10 meses da Federação Italiana de Futebol e não irá disputar a Eurocopa. O retorno aos gramados deve acontecer em agosto.
“Lamento que alguns jornais tenham descrito a mim e ao Tonali como dois demônios. Eu só me magoei. Não arranjei jogos, não condicionei resultados. Cometi erros, joguei em sites ilegais e perdi muito dinheiro. Fiquei com nojo de mim e me senti um idiota”, afirma o jogador.
RECOMEÇO NA EURO E NOVO CONTRATO
A volta aos gramados aconteceu em maio. Fagioli entrou no lugar de Rabiot no empate da Juventus em 3 a 3 contra o Bologna, pela 37ª rodada do Campeonato Italiano. Ao todo, foram apenas oito partidas na última temporada.
Novo contrato com a Juventus. Mesmo com a punição, a direção anunciou, no fim do ano passado, a renovação do contrato do meia até 30 de junho de 2028. Ele chegou a Turim em 2015 com apenas 14 anos.
“O dia do renascimento foi há sete meses, quando fui suspenso, voltei a uma vida normal e era disso que precisava. Treinei muito para voltar a jogar os últimos jogos com a minha equipe e para tentar ser convocado para a seleção nacional”, afirma Fagioli.
Vestir a camisa da seleção italiana não é novidade para Fagioli. Comparado a Pirlo, o meia teve passagens pela base da Azzurra e a primeira convocação para a principal aconteceu em novembro de 2022 com Roberto Mancini.
Confiança de Spalletti. O técnico da seleção italiana explicou o que motivou a convocação do meia para a Eurocopa mesmo após o curto período de retorno aos gramados: “É uma escolha técnica. Ele (Fagioli) tem a qualidade, a criatividade e o físico para a competição”.
Atual campeã, a Itália venceu a Albânia na sua estreia na Euro. Porém, Fagioli não foi a campo no triunfo. A Azzurra volta a campo nesta quinta-feira (20) contra a Espanha, às 16h (de Brasília).
Redação / Folhapress