Piloto de 9 anos que morreu em Interlagos tinha ‘experiência para a idade’

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Fundador do SuperBike Brasil, Bruno Corano afirmou ao UOL que o acidente fatal do jovem Lorenzo Somaschini foi sem precedentes na história da categoria Jr. Cup. Ele disse que o piloto de nove anos era experiente para a idade, que o garoto argentino sofreu uma queda com “consequências desproporcionais” e que a pista do Autódromo de Interlagos não teve correlação com a tragédia.

PILOTO EXPERIENTE E FATALIDADE INÉDITA

O empresário declarou que o jovem piloto tinha experiência para a faixa-etária. Ele ponderou que a Júnior Cup, mesmo sendo uma categoria de formação, exige que as crianças já tenham uma familiaridade com as motos — além disso, os participantes têm aulas antes e depois de cada treino. Lorenzo, que se preparava para sua primeira corrida no Brasil, veio da Argentina acompanhado do pai e de seu treinador, Diego Pierluigi.

“Ele, por mais baixa idade, já era para a idade dele um piloto com certa experiência”, disse Bruno Corano, fundador do SuperBike Brasil.

Corano relatou que a categoria infanto-juvenil nunca tinha lidado, até então, com nenhum caso de lesão séria: “Contamos nos dedos de uma única mão”. A Júnior Cup, disputada por crianças de 8 a 16 anos, somava três episódios de fraturas leves desde 2013, quando foi criada.

O idealizador do SuperBike enfatizou que o acidente de Lorenzo foi uma fatalidade: “As consequências que esse tombo gerou são inesperadas, muito desproporcionais”. O garoto argentino sofreu uma queda na saída do Pinheirinho, uma das curvas consideradas as mais lentas do circuito, com velocidade de aproximadamente 50 km/h. A moto usada na categoria, uma Honda CG 160, atinge velocidade média de cerca de 120 km/h.

“Tombos com características como as dele, ou até com velocidades maiores, nunca tivemos lesão séria e fraturas contamos nos dedos de uma única mão no histórico dos últimos 11 anos na Júnior. Mais de 200 crianças, 50 etapas, 250 dias de atividade e a gente não chegou a ter até hoje nem quatro fraturas, são três pequenas fraturas, sem relevância. A forma que isso se desenrolou, as consequências que esse tombo gerou são inesperadas, muito desproporcionais”, disse Bruno Corano.

QUEDA E INTERLAGOS

Corano afirmou que ainda não se sabe o que causou a queda do jovem argentino, mas eximiu o autódromo de responsabilidade. O treino livre em que Lorenzo sofreu o acidente não foi gravado — ele foi a única das mais de dez crianças que se acidentou na sessão.

“Não temos imagens do tombo. O que a gente observa é que ele caiu praticamente depois de ter contornado o Pinheirinho. O tombo foi em baixa de velocidade, a saída da curva é o momento mais lento, é uma subida e a moto pouco arrastou, caiu de único lado. Temos pouca informação do acidente por não estar sendo gravado no momento. Foi uma queda dentro da pista, dentro do asfalto. Ele não saiu na área de escape”, disse Bruno Corano.

O empresário defendeu que Interlagos é a melhor e mais segura pista do país. Sobre Lorenzo ser a sétima vítima em acidentes de motovelocidade no local, ele argumentou que o autódromo recebe a maioria das corridas de moto no Brasil e que isso gera uma “percepção errada” sobre o local.

“Interlagos é o melhor autódromo do país, com o melhor asfalto e o mais seguro para moto e para carro. Não tem nenhuma correlação [o acidente] com o circuito. O que existe é que mais de 90% das atividades de motovelocidade no país são em Interlagos. Estatisticamente, o maior número de acidentes vai acontecer lá, o que consequentemente pode gerar uma percepção errada que tenha uma associação com o local.”

O acidente abriu investigação interna no SuperBike e também na Polícia Civil, que já periciou a moto. A organização reforçou sua comissão de segurança em 2015, após o primeiro caso de morte em corrida, e vai esperar o término da apuração para discutir o que pode ser feito para evitar que o episódio se repita.

“As investigações internas podem durar de um a três meses. Sinais iniciais são de que não tem correlação com idade, pista, nem clima. Não foi o caso, não conseguimos correlacionar indicadores que possam nos guiar a qualquer mudança, por enquanto. [Foi uma] fatalidade, mas isso não significa que não tenhamos que exercer um esforço constante para mitigar acidentes”, disse Bruno Corano, ao UOL.

ANDRÉ MARTINS, CAROLINA ALBERTI E RENAN LISKAI / Folhapress

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