Maduro firma acordo e diz que vai respeitar resultado da eleição na Venezuela

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A quase um mês da eleição presidencial na Venezuela, o ditador Nicolás Maduro assinou nesta quinta-feira (20) um documento no qual se compromete a respeitar o resultado do pleito. O texto não foi endossado por Edmundo González, o principal candidato da oposição, que o descreveu como uma “imposição unilateral” e voltou a lançar dúvidas sobre a lisura do processo.

“O que quer que o juiz eleitoral diga, amém”, disse Maduro após a assinatura. “Chega de sabotagem contra o nosso país, chega de conspirações. A Venezuela quer tranquilidade.”

Oito dos dez candidatos assinaram o documento. Maduro foi o último; os outros sete se definem como opositores, embora sejam rotulados por alguns setores de serem colaboradores do regime.

O acordo, que contém nove tópicos, foi divulgado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), a mais alta autoridade eleitoral venezuelana. O chefe do órgão, Elvis Amoroso, considerado próximo do chavismo, leu o documento, que menciona a “vontade absoluta de reconhecer os resultados emitidos pelo poder eleitoral” e a competição em “clima de respeito, paz e participação democrática”.

A integridade da eleição na Venezuela, porém, tem sido questionada por opositores e por líderes internacionais. A desconfiança aumentou no fim de maio, quando o regime Maduro cancelou o convite que havia sido feito a observadores da União Europeia para acompanhar o pleito –o processo já está marcado por diversos episódios de perseguição contra opositores.

Na mesma cerimônia em que apresentou o documento, Amoroso acusou González, o representante da principal coalizão opositora, de não “responder ao chamado da pátria”, enquanto a televisão estatal transmitia a imagem de uma cadeira vazia —o assento teria sido reservado ao adversário de Maduro.

González, por sua vez, negou ter recebido convite do CNE para o evento. Ele ainda afirmou que o documento foi imposto de forma unilateral e enfatizou que o reconhecimento dos resultados já fazia parte de um acordo mediado pela Noruega e assinado entre regime e oposição, no ano passado, em Barbados.

“Esse acordo [de Barbados] foi violado por uma das partes, que rescindiu o convite aos observadores da UE e aumentou a perseguição aos líderes e apoiadores de nossa campanha”, disse González. “É uma indicação da parcialidade que caracteriza essa campanha desigual.”

A campanha eleitoral oficial na Venezuela começa em 4 de julho, embora Maduro e Marina Corina Machado, a vencedora das primárias da oposição e depois tornada inelegível, estejam liderando comícios por todo o país há meses. A votação está marcada para 28 de julho.

González disse ter aceitado sua nomeação definitiva como candidato em abril. Ele havia sido inscrito de forma provisória pouco antes do fim do prazo para garantir a presença da oposição na cédula, em meio à inabilitação de Corina Machado e à impossibilidade de inscrição no sistema eleitoral de Corina Yoris, então escolhida para substituir a vencedora das primárias.

Neste ano, a oposição procurou concentrar forças em um único candidato para enfrentar Maduro, que tentará o terceiro mandato consecutivo. Duas pesquisas de intenção de voto realizadas por telefone consideradas confiáveis mostram González com mais de 30% de apoio. O ditador pontua ao redor de 25%.

O veto à UE ainda jogou pressão sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tanto pelo fato de o Brasil ser o maior país da região como pelo histórico de blindagem do petista em relação ao líder venezuelano. Em entrevista à Folha no domingo (16), González disse que o brasileiro precisa insistir com o ditador para que ele aceite observadores internacionais, retomando um convite aos europeus.

Redação / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS