SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pelo menos 450 pessoas morreram durante a peregrinação deste ano a Meca, na Arábia Saudita, sob temperaturas que chegaram a 49ºC nos últimos dias, segundo dados mencionados pelo jornal The New York Times. Vários outros peregrinos desmaiaram e precisaram de cuidados médicos devido ao calor.
De acordo com a publicação, a Indonésia e a Índia foram os países que mais relataram mortes, com 199 e 98 óbitos, respectivamente. Os números devem aumentar nos próximos dias, já que Arábia Saudita e Egito, de onde vêm muitos peregrinos, não divulgaram os números.
Autoridades disseram que não é possível ter certeza de que todas as mortes foram causadas pelo calor, embora familiares e testemunhas tenham apontado as altas temperaturas como um fator determinante.
Em resposta ao número alto de mortes, o governo do Egito criou centros de emergência para receber chamadas de socorro e coordenar a resposta do governo, ainda segundo o New York Times.
Muçulmanos viajam de lugares do mundo inteiro para Meca todos os anos para realizar a peregrinação de cinco dias, que terminou na última quarta (19). O evento é um dos cinco pilares do Islã, e todos os muçulmanos que tenham capacidade financeira e física devem realizar o ritual pelo menos uma vez em suas vidas.
Neste ano, muitos peregrinos reclamaram que não havia estações de resfriamento ou água suficientes para todos. Autoridades atribuíram parte do problema às muitas pessoas que não se registraram de forma oficial à peregrinação, possivelmente para evitar os custos altos dos pacotes.
Mais de 1,8 milhão de pessoas fizeram a peregrinação este ano, de acordo com a Autoridade Geral de Estatísticas da Arábia Saudita. Desses, 1,6 milhão veio do exterior. Jordânia, Tunísia e Paquistão foram outros países que registraram mortes.
A primeira peregrinação que se tem registro ocorreu no ano de 632 e, ao longo dos séculos, tornou-se um dos maiores encontros muçulmanos do mundo. O evento já foi assolado por uma série de calamidades, incluindo incêndios e surtos de doenças. Em 2006, por exemplo, um tumulto em uma ponte matou mais de 300 pessoas; outro, em 2015, matou mais de 2.200.
Milhões de pessoas têm sido impactadas por fenômenos meteorológicos extremos e por ondas de calor prolongadas em todo o mundo nos últimos anos. O IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança Climática) já afirmou que hoje é inequívoco que parte dessas mudanças é causada pela ação humana.
Redação / Folhapress