SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Três categorias de formação terão neste ano a disputa da Copa Sul, que reunirá equipes de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Com plano de realizar tal campeonato com times femininos no ano que vem, o movimento reabre o debate para a volta do torneio com equipes principais.
A Copa Sul foi disputada na temporada 1999, com Grêmio como campeão. Em 2000, o regulamento foi alterado com o acréscimo de times de Minas Gerais, passando a se chamar Copa Sul-Minas. Sob tal alcunha sobreviveu até 2003, com dois títulos do Cruzeiro e um do América-MG.
No segundo semestre deste ano, uma união inédita das Federações de RS, SC e PR vai remontar o torneio nas categorias Sub-15, Sub-17 e Sub-20. Além disso, existe um projeto para ser desenvolvida a mesma competição com times femininos.
Os quatro melhores times de cada Estado automaticamente entram no torneio. O certame de formação está confirmado para 2024 e o feminino deve ocorrer no ano que vem.
Segundo apurou o UOL, o resultado da experiência abre caminho para a retomada do debate sobre a competição envolvendo times principais. Reviver o regional esteve em pauta recentemente, mas a ideia não avançou.
Como está a discussão
Ainda de acordo com a reportagem, a Federação Catarinense se mostra interessada em recriar a Copa Sul. Atualmente, apenas o Criciúma disputa a elite nacional entre as equipes do Estado e o acréscimo de jogos não impactaria tanto no calendário.
Por outro lado, gaúchos e paranaenses enxergam o tema com mais ressalvas. Com Inter, Grêmio e Athletico Paranaense envolvidos em competições continentais frequentemente nos últimos anos, além da elite nacional frequentada principalmente também por Juventude e Coritiba, a criação de datas a mais para jogos no ano precisaria ser adaptada.
De acordo com relatos ouvidos pelo UOL, a eventual Copa Sul não iria concorrer com os Estaduais, que seriam mantidos dentro do modelo que cada local adota. O Gauchão 2024 usou 16 datas, o Catarinense e o Paranaense usaram 17.
“O Brasil tem dimensão de um continente. Nós temos uma quantidade gigante de clubes de futebol e atletas profissionais. Os campeonatos regionais no país possuem um papel importante no contexto”, disse Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo.
No passado recente
Em 2022 o UOL informou que o ex-executivo da Globo, Marcelo Campos Pinto, liderou tratativas para retomada da Copa Sul-Minas. Na ocasião, até mesmo um projeto com cotas comerciais de até R$ 9 milhões foi apresentado aos clubes.
O calendário para o ano seguinte da Federação Mineira foi desenhado separando datas para tal possibilidade de retomada. No entanto o debate não avançou por relutância de clubes e federações, principalmente no Rio Grande do Sul.
Minas, Rio e São Paulo
Rio de Janeiro e São Paulo se mostram longe do debate pela volta de campeonatos regionais. As duas Federações entendem que seria inviável qualquer movimento neste sentido.
A recusa apurada pela reportagem se dá por motivos como calendário apertado no futebol nacional, acúmulo de jogos em torneios continentais e Estaduais consolidados. A Federação Paulista, por exemplo, possui 17 clubes em divisões nacionais e percebe que há interesse maior na rivalidade dentro de SP do que com outros Estados.
Questionada pela reportagem do UOL, a Federação Mineira de Futebol preferiu não se manifestar sobre a chance de volta de torneios regionais.
Sucesso no Nordeste
O melhor exemplo de regional de sucesso é a Copa do Nordeste, vencida neste ano pelo Fortaleza. A final contra o CRB teve recorde de público no estádio Rei Pelé: 17.762 torcedores presentes.
No jogo de ida, a Arena Castelão tinha recebido 47.133 pessoas. A partida gerou renda de R$ 1.136.006,00, sendo a terceira maior renda do Leão do Pici na temporada, atrás dos jogos contra Boca Juniors e Ceará.
A Copa do Nordeste distribuiu R$ 48,9 milhões em cotas e premiações aos clubes, quase o dobro da edição anterior. O torneio ainda fomentou rivalidades locais, mostrando-se atraente para patrocinadores, clubes e torcida.
“A Copa do Nordeste é um torneio fundamental no calendário dos times da região. Além da questão de aguçar rivalidades regionais, o torneio se mostra mais rentável, competitivo e interessante do que os campeonatos estaduais, por exemplo. Enxergamos uma tendência de valorização do nosso torneio regional, que vem sendo um sucesso de público e audiência. As questões de calendário precisam, de fato ser equalizadas, e isso passa, invariavelmente, por uma reflexão sobre o papel dos estaduais”, Yuri Romão, presidente do Sport.
MARINHO SALDANHA / Folhapress