SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar caiu 0,90% e fechou cotado a R$ 5,391 nesta segunda-feira (24), enquanto a Bolsa subiu 1,06%, aos 122.636 pontos, iniciando uma semana que será marcada pela divulgação de novos dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos.
Há expectativa, ainda, para a divulgação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para terça (25), na qual a autoridade monetária fornecerá mais detalhes sua decisão de manter a Selic inalterada no atual patamar de 10,5% ao ano.
Nesta segunda, no entanto, o dia foi de agenda esvaziada, e o mercado operou em compasso de espera.
“O comportamento do câmbio hoje provavelmente esteve muito mais relacionado a um ajuste técnico. Vimos uma queda de mais de 1% depois das altas da semana passada, principalmente porque essa pressão recente no câmbio esteve bastante relacionada com questões internas. Hoje, não houve nenhum indicador relevante para comportamento do câmbio”, diz Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.
Até o início da sessão desta segunda-feira o dólar havia acumulado elevação próxima de 12% em 2024, com altas nas últimas cinco semanas, o que abria espaço para ajustes.
Além do movimento de realização, a baixa do dólar nesta segunda-feira era justificada pelo exterior, onde o dia foi de valorização quase generalizada das divisas de exportadores de commodities ou emergentes. O dólar tinha baixas firmes ante o peso colombiano e o peso mexicano.
Para Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital, a Bolsa brasileira também foi favorecida pelo modo de espera do mercado, em especial após a decisão unânime sobre juros do Copom divulgada na semana passada.
“A decisão [do Copom] mais cautelosa fez com que os investidores tivessem uma luz no fim do túnel, em que a política fiscal tem que ser resolvida. Todo esse cenário de cautela faz com que os investidores fiquem um pouco mais confiantes e esperem um pouco mais para a tomada de decisão. E a queda recente da Bolsa pode ser, na visão de muitos, uma oportunidade de entrada”, afirma Mendonça.
Nesta semana, após sessões marcadas por decisões de política monetária no Brasil e em mercados desenvolvidos, os investidores voltam suas atenções para a divulgação de novos dados de inflação, em busca de sinais sobre o processo de controle dos preços a nível global.
No Brasil, o mercado analisará na quarta-feira novos dados do IPCA-15 para junho, com expectativa de analistas consultados pela Reuters de alta de 0,45% na base mensal, ante 0,44% no mês anterior.
As divulgações de números de inflação no Brasil têm ganhado importância à medida que as expectativas do mercado sobre os preços seguem subindo para este e o próximo ano, gerando preocupação nas autoridades do Banco Central.
Mais cedo, economistas consultados pelo BC em sua pesquisa Focus elevaram novamente a projeção para o IPCA ao fim deste ano, a 3,98%, ante 3,96% na semana anterior, e para 2025, a 3,85%, de 3,80%.
A visão da autoridade monetária sobre a desancoragem das expectativas de inflação ficará mais clara com a divulgação da ata do Copom, que também será acompanhada pelo mercado.
No Focus desta segunda-feira, os economistas ainda elevaram sua projeção para o valor do dólar ao fim deste ano, visto agora em R$ 5,15, ante R$ 5,13 na semana passada, em meio à fraqueza recente da moeda brasileira.
No cenário externo, os investidores estarão atentos à divulgação na sexta-feira de números do índice PCE de maio, o indicador de inflação preferido do Federal Reserve (banco central americano). Analistas projetam estabilidade, ante alta de 0,3% em abril.
Após um início de ano em que os preços registraram altas acima do esperado nos EUA, os números mais recentes têm mostrado uma maior moderação, fornecendo confiança aos mercados sobre o processo de desinflação dos EUA.
Apesar da exibição de cautela por parte das autoridades do Fed, um corte de juros em setembro tem sido amplamente projetado por operadores, o que pode fornecer alívio ao real.
Redação / Folhapress