SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Estudantes do campus Diadema da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) resolveram seguir em greve, mesmo após os professores anunciarem seu retorno às salas de aula a partir desta semana. Após assembleia nesta segunda-feira (24), maioria dos votantes optou por prolongar a paralisação.
Os alunos dizem que a decisão dos docentes pelo encerramento da paralisação foi tomada sem considerar as opiniões deles, de maneira desrespeitosa e com precipitação no processo de decisão. Eles argumentam só ser possível voltar à universidade ao fim da greve dos servidores técnico-administrativos -que ainda não aceitaram proposta do governo-, responsáveis pelo manuseio de equipamentos em laboratórios.
“É importante salientar que o campus Diadema praticamente não teve aulas experimentais em laboratórios durante todo o semestre e que as unidades curriculares que dependem de aulas práticas só terminam quando as mesmas forem realizadas”, afirma o diretório acadêmico da instituição. “Portanto, sem a volta dos servidores, não existe um retorno viável para um campus com tantos cursos que necessitam da experiência em laboratório.”
A greve dos professores das universidades federais terminou neste domingo (23), após 69 dias. O Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) afirmou que, em assembleia, a maioria de suas instituições filiadas optou por acabar com a paralisação.
O argumento para encerrar a greve foi a “intransigência” do governo Lula (PT) quanto às negociações salariais. Para os docentes, Brasília não iria conceder o reajuste pedido para este ano e seguir sem aulas somente prejudicaria os estudantes.
Agora, o sindicato deve avisar sua deliberação ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e assinar um acordo, algo previsto para quarta-feira (26).
Também neste domingo, antes da decisão das universidades, professores e servidores técnico-administrativos de institutos federais já tinham resolvido encerrar a greve. A decisão foi anunciada pelo Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais na Educação Básica, Profissional e Tecnológica) após assembleia.
A classe aceitou a proposta do governo de reajuste salarial somente a partir de 2025. O número de institutos federais em greve era menor que o de universidades.
A greve de professores das universidades e institutos federais começou em 15 de abril. Eles pediam reajuste salarial e recomposição do orçamento dos centros de ensino.
Representados pelo Andes e pelo Sinasefe, os servidores reivindicavam aumento de 3,69% em agosto deste ano, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio 2026. Brasília ofereceu 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.
BRUNO LUCCA / Folhapress