RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, afirmou nesta quarta-feira (26) que o órgão está submetido a uma restrição orçamentária que “não é pequena”.
Segundo o economista, o quadro ameaça até a realização de pesquisas conjunturais, embora isso não seja considerado um risco iminente.
Indicadores de inflação, desemprego e setores econômicos como comércio, serviços e indústria estão entre os trabalhos conjunturais produzidos pelo IBGE.
De acordo com Pochmann, o orçamento previsto para o instituto é de quase R$ 2,7 bilhões em 2024, mas o órgão ainda depende da liberação efetiva de recursos para as suas atividades.
No governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a instituição está sob o guarda-chuva do Ministério do Planejamento e Orçamento, comandado por Simone Tebet.
“Nós temos orçamento, mas, se não houver liberação financeira, esse risco está presente”, disse Pochmann ao ser questionado por jornalistas sobre a ameaça a pesquisas conjunturais do IBGE.
A declaração ocorreu em entrevista após um evento no Rio de Janeiro. A agenda marcou o lançamento da primeira versão digital do Anuário Estatístico do Brasil, uma das publicações do instituto.
“Imagine faltar recurso para fazer pesquisas de preço, coisa desse tipo. Imagino que o governo não vai chegar a essa situação”, disse Pochmann.
“Ele está sabendo das nossas dificuldades. Não estamos na iminência de ter problemas dessa natureza, mas a gente está olhando o ano todo, o semestre todo”, completou.
De acordo com o economista, indicado ao comando do IBGE por Lula, o aperto financeiro vem provocando uma série de reflexos no dia a dia da instituição.
Atrasos de aluguéis de prédios, dificuldades para o pagamento de contas de luz e restrições a viagens seriam exemplos desse contexto.
“A instituição está submetida a uma restrição que não é pequena”, disse Pochmann. “O IBGE é convidado para várias coisas. A gente só está indo se a instituição que convida pagar. Se ela não pagar, não tem recurso para isso.”
O instituto também convive com ameaças de greve. Servidores cobram melhorias de salário e carreira no órgão.
A entidade sindical que representa os funcionários da casa, a Assibge, aprovou um indicativo de greve, enquanto tenta negociar com a direção do IBGE e o governo federal. Uma reunião para tratar do assunto está agendada para quinta-feira (27).
Pochmann reconheceu a baixa remuneração de servidores do IBGE, mas sinalizou uma preocupação com eventuais atrasos de uma paralisação no cronograma de trabalho do órgão.
“O IBGE é a maior instituição de pesquisa do país e tem cerca de 70% dos seus trabalhadores ganhando um pouquinho mais do que um salário mínimo”, afirmou.
“A greve é um instrumento legítimo, está prevista na Constituição. Obviamente, nossa preocupação é com o plano de trabalho.”
LEONARDO VIECELI / Folhapress